Farc e Bogotá trocam acusações em meio a negociação

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o governo de Bogotá fizeram ontem acusações mútuas que podem complicar as negociações entre a guerrilhae as autoridades colombianas iniciadas na segunda-feira em Cuba, ainda que ambas as partes continuem confiantes de que um acordo de paz será alcançado.

A insurgência afirma que a polícia colombiana está chantageando parentes civis de uma guerrilheira com a intenção de localizar e prender um líder rebelde, enquanto o Exército diz queas Farc violaram o cessar-fogo unilateral anunciado no primeiro dia da negociação em Havana.

A guerrilheira Viviana Hernández leu ontem em Cuba um comunicado denunciando que a família de uma rebelde identificada como Mireya foi assediada por policiais “disfarçados de civis” para revelar o paradeiro de Francisco González, comandante do Bloco Ocidental das Farc. Segundo a denúncia, as autoridades colombianas ameaçam“ retirar a custódia dos filhos menores” da insurgente, caso a localização do líder guerrilheiro não lhes seja comunicada.

“Conduta semelhante viola de maneira flagrante as normas do direito internacional humanitário e não condiz com as garantias e direitos contemplados pela Constituição colombiana, que eles dizem defender.”

Os representantes do governo colombiano chegaram ao Palácio das Convenções de Havana no momento em que Viviana fazia a denúncia, mas permaneceram nos carros. Logo depois, entraram no local rapidamente, sem conversar com a imprensa.

De acordo com o Exército colombiano, na terça-feira, “houve combates desde a manhã até as 16 horas” no município de Caloto, no Departamento de Cauca, uma das regiões mais tensas da Colômbia.

“Fomos atacados e respondemos”, disse o coronel Hugo Mesa, comandante da Brigada Móvel 14. O combate não deixou mortos ou feridos.

Várias famílias de camponeses surpreendidas pelo fogo cruzado fugiram da região. Segundo o secretário de governo de Cauca, Jesús Arbey Martínez, o Departamento enfrenta uma escalada na violência desde o dia 10, o que provocou o deslocamento de mais de 320 pessoas.

Minas. Nas proximidades do povoado de Huasanó, na mesma região, dois guerrilheiros das Farc vestidos de civis levantaram bandeiras brancas para um grupo de soldados após ativar um campo minado enquanto os militares se aproximavam deles.

“Por sorte, não há feridos. Mas há pânico e medo entre os habitantes, sobretudo as crianças”, afirmou o general Humberto Jerez, comandante da Força-Tarefa Apolo.

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