Petraeus, dos campos de batalha aos escritórios da CIA

Washington, 27 abr (EFE).- O general americano David Petraeus, um militar condecorado com um amplo conhecimento da recopilação de inteligência no Afeganistão e no Iraque nos últimos anos, passará do campo de batalha para os escritórios da CIA.
 

A imagem deste general de quatro estrelas é respeitada em Washington, onde seus discursos no Congresso para tratar das guerras do Iraque e do Afeganistão são irrefutáveis.

Petraeus, que abandonará as Forças Armadas para incorporar-se à Agência Central de Inteligência americana (CIA), permanecerá no Afeganistão até setembro, quando a Casa Branca prevê que o general John Allen o substitua como novo comandante das forças internacionais no país asiático.

As mudanças coincidirão com o começo do processo de transição no Afeganistão e o início da retirada das tropas americanas, que segundo a estratégia aprovada em dezembro de 2009 pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deverá começar em julho.

Petraeus foi o artífice da estratégia que contribuiu para a queda dos níveis de violência no Iraque quando o ex-presidente George W. Bush (2001-2009) o nomeou o principal responsável militar americano da força internacional em janeiro de 2007, cargo que ocupou até setembro de 2008.

Sua chefia esteve marcada pelo aumento do número de militares americanos e pela criação dos Conselhos de Salvação, milícias tribais sunitas que colaboram com as tropas estrangeiras e iraquianas em sua luta contra a insurgência.

Seu destacado perfil de estrategista levou a Casa Branca a nomeá-lo em 2010 chefe da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) no Afeganistão, após 20 meses como chefe do Comando Central dos EUA, com a esperança de que repetisse o mesmo êxito com as 30 mil tropas adicionais aprovadas por Obama em 2009.

Nascido no estado de Nova York em 7 de novembro de 1952, Petraeus destacou-se desde a juventude por sua facilidade para praticar todos os tipos de esportes e por seus dotes intelectuais.

Formou-se em 1974 na academia militar de West Point, onde acabou com o décimo melhor histórico, e apenas dois meses após sua graduação se casou com Holly Knowlton, com quem tem dois filhos.

Em 1979, foi nomeado suboficial de operações da Divisão de Infantaria em Fort Stewart (Geórgia), e completou missões no Haiti, Kuwait e Bósnia-Herzegóvina, mas não entrou em contato com a guerra até 2003, quando foi destacado para o norte do Iraque com a Divisão Aerotransportada 101.

Paralelamente à sua ascensão na carreira militar, Petraeus obteve seu doutorado na prestigiada Escola Woodrow Wilson de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Princeton com a tese "O Exército americano e as lições do Vietnã".

"A dureza física e mental são essenciais para a liderança. É difícil liderar pela frente se está atrás em formação", sustenta Petraeus.

Em junho de 2004, foi designado primeiro comandante do Comando Multinacional para a Segurança na Transição do Iraque, até que um ano mais tarde foi novamente destacado para liderar o Centro Combinado de Armas, considerado o centro intelectual do Exército.

De lá ajudou a redigir o manual contra a insurgência, um documento de referência para as forças americanas destacadas no Iraque.

Seus detratores o apelidaram de "King David" (rei David) e advertem que suas aspirações vão além da milícia e da inteligência e que pode apresentar-se como candidato à Presidência dos EUA.

O general de quatro estrelas, com 58 anos, se mantém em forma, é amante do esqui e do futebol, e sua competitividade já o levou a desafiar soldados mais jovens a uma disputa de flexões.

Acostumado a superar desafios em sua carreira militar e em sua vida pessoal, em 2009 superou um câncer de próstata detectado em fase avançada após dois meses de radioterapia.

EFE
elv/pa

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