Dominó Árabe – Combates, bombardeios, denúncias e acusações no regime de Bashar Al-Assad

Gustavo Nardon
Defesanet Agência de Notícias


Apoiadas por tanques, forças sírias entraram hoje em Daraya, na periferia de Damasco, após 24 horas de tiroteios e bombardeios com helicópteros para expulsar os rebeldes, disseram fontes da oposição. O bombardeio matou pelo menos 15 pessoas e feriu 150 em Daraya, situada no extremo sudoeste de Damasco, afirmaram as fontes.

Tropas estavam conduzindo batidas em casas na cidade de muçulmanos sunitas conservadores e abrindo caminho para o centro da cidade, encontrando uma leve resistência dos rebeldes que pareciam ter se retirado em grande número da região, disseram os ativistas da capital.

"Eles estão usando bombas morteiros para limpar cada setor e então eles entram, enquanto se movem em direção ao centro", disse o ativista Abu Zeid. Ele falou por telefone de uma região ao lado de Daraya.

Outros ativistas disseram que o Exército também estava bombardeando partes do bairro de Qasion, de onde se tem vista para Damasco, e dos quartéis da Guarda Republicana, localizados perto de um palácio presidencial no topo de uma colina.

Denúncias

A Anistia Internacional (AI) denunciou hoje que os civis estão submetidos a uma "terrível violência" na cidade síria de Aleppo e acusou o regime de Bashar al-Assad de bombardear de maneira indiscriminada os bairros residenciais.


"A utilização de armas sem precisão, como as bombas que não são teleguiadas, os disparos de artilharia e morteiros pelas forças governamentais aumentaram e representam um enorme perigo para os civis", declarou Donatella Rovera, conselheira da AI, que visitou Aleppo.

A organização de defesa dos direitos humanos afirma em um comunicado que investigou quase 30 ataques "durante os quais muitos civis não envolvidos nas hostilidades, incluindo crianças, morreram ou foram feridos".

A Anistia afirma que os bombardeios apontam de maneira indiscriminada contra os bairros controlados por rebeldes, ao invés de atacar objetivos militares.

Acusações

O Irã parece estar fornecendo armas à Síria, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (22), enquanto o conflito iniciado há 17 meses como uma onda de protestos populares contra o governo de Bashar al-Assad ganha cada vez mais contornos de uma guerra civil.

A acusação feita pela ONU ampara suspeitas de governos ocidentais sobre uma assistência bélica, financeira e de inteligência de Teerã para Damasco. Rebeldes sírios também denunciam a presença na Síria de combatentes da Guarda Revolucionária iraniana e do grupo xiita libanês Hezbollah, aliado de Teerã.

"O secretário-geral tem repetidamente manifestado sua preocupação sobre os fluxos de armas para as duas partes na Síria, que em alguns casos parecem violar a resolução 1.747 aprovada por este Conselho, proibindo as exportações de armas de acordo com o a autoridade conferida pelo Artigo 7º (da Carta da ONU)", disse o chefe de assuntos políticos da entidade, Jeffrey Feltman, ao Conselho de Segurança.

Feltman, segundo texto preparado para o discurso, observou que a proibição se refere às exportações de armas pelo Irã, prevista numa resolução que autorizou sanções ao país por causa da sua recusa em abandonar seu programa nuclear, que o Ocidente suspeita estar voltado para o desenvolvimento de armas, mas Teerã garante ser pacífico.

Na semana que vem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, participa no Irã de uma cúpula dos países em desenvolvimento não-alinhados. Ele também deve se reunir com autoridades iranianas de alto escalão para discutir "o programa nuclear do Irã, terrorismo, direitos humanos e a crise na Síria", segundo seu porta-voz.

Feltman também reiterou as preocupações da ONU com o tráfico de armas entre o Líbano e a Síria.

"Tanto o governo quanto a oposição estão focando nas operações militares e no uso da força, com as forças governamentais usando armas pesadas contra centros populacionais", disse Feltman em sua apresentação regular ao Conselho sobre a situação no Oriente Médio.

"O povo sírio está sofrendo dolorosamente com a assustadora militarização adicional desse conflito", afirmou. (AFP/REUTERS)

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter