França – Hollande faz visita surpresa ao Afeganistão e explica retirada francesa

O presidente francês, François Hollande, fez nesta sexta-feira uma visita surpresa ao Afeganistão para explicar aos soldados do país os motivos da antecipação da retirada do território afegão após 10 anos de guerra e dois anos antes da saída do restante da força da Otan.

O chefe de Estado francês desembarcou no início da manhã no aeroporto de Cabul para uma visita surpresa de poucas horas, acompanhado pelos ministros da Defesa, Jean-Yves Le Drian, e das Relações Exteriores, Laurent Fabius.

Hollande seguiu imediatamente para a base de Nijrab, em Kapisa (nordeste), onde está a maioria dos militares franceses.

De acordo com fontes da presidência, Hollande, que também é comandante-em-chefe das Forças Armadas, foi explicar pessoalmente aos soldados franceses as razões pelas quais decidiu antecipar a retirada para o fim de 2012, um ano antes da data prevista pelo antecessor Nicolas Sarkozy e dois anos antes da saída da força da Otan.

A retirada das tropas francesas prevista para o fim de 2012 acontecerá de maneira "ordenada e coordenada" com os aliados da coalizão da Otan no Afeganistão, afirmou Hollande, que classificou sua decisão de "soberana".

"Apenas a França pode comprometer a França. (A decisão) será executada em bom acordo com nossos aliados, em particular com o presidente (americano Barack) Obama, que compreende as razões, e em estreita coordenação com as autoridades afegãs", afirmou Hollande.

"A ameaça terrorista contra nosso território, como ao de nossos aliados, procedente do Afeganistão, sem ter desaparecido totalmente, foi controlada em parte", explicou.

A coalizão internacional, que invadiu o Afeganistão no fim de 2002 para capturar Osama Bin Laden e expulsar os talibãs do poder, conseguiu neutralizar boa parte dos elementos da Al-Qaeda, que havia estabelecido sua base no país. Mas outros conseguiram partir para outras zonas de conflito.

No entanto, apesar da presença de 130.000 militares estrangeiros em apoio a 340.000 soldados e policiais afegãos, a rebelião talibã está longe de ter sido derrotada. Mais de 3.000 civis morreram em 2011 no conflito.

Os temores de que o país volte a entrar em conflito após a saída das tropas da Otan são frequentes no Afeganistão. As negociações entre os beligerantes não avançam no país.

"Não corresponde aos aliados definir o futuro do Afeganistão, e sim aos próprios afegãos, e apenas a eles, seguir o caminho que escolherão livremente", declarou o presidente francês.

"A França mantém os vínculos com este país. Continuaremos nossos projetos de desenvolvimento em Kapisa e Surobi, dois territórios cuja segurança está sob controle do Exército francês dentro da Otan há algum tempo", completou Hollande.

Surobi, um distrito de Cabul relativamente calmo, foi oficialmente transferido em abril às autoridades afegãs. Os militares franceses deixam a região de maneira progressiva.

A retirada francesa do Afeganistão é uma promessa da campanha eleitoral de Hollande que, após eleito, a defendeu ante Barack Obama, durante a reunião do G8 em Camp David e depois no encontro da Otan em Chicago no início da semana.

Hollande afirmou que não aceitaria negociar a retirada.

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