Jornais paraguaios destacam conflitos com brasileiros

Três dos principais jornais de circulação nacional no Paraguai destacam os conflitos entre os agricultores brasileiros, chamados de brasiguaios, e os sem-terra locais, denominados carperos, na região de Santa Rosa del Monday, no Alto Paraná, próximo à fronteira com o Brasil. O maior jornal paraguaio, o ABC Color, dedicou o editorial desta quarta-feira ao assunto, criticando duramente a xenofobia contra os trabalhadores brasileiros.

Em sua versão online, o ABC Color disse que os agricultores do país fazem campanha para acabar com a propriedade privada no Paraguai. De acordo com o texto, há um "espírito distorcido e um falso nacionalismo" que conduzem a atos de "clara xenofobia". No editorial, o jornal alerta sobre "consequências embaraçosas" para a paz social na região.

O encarregado de Negócios do Paraguai no Brasil (o principal representante do governo em Brasília), Didier Olmedo, disse que, de acordo com a legislação em vigência, o filho de um estrangeiro que nasce em território paraguaio é considerado um cidadão do país. "Aquele que nasce no Paraguai é paraguaio para nós", disse.

A principal notícia publicada no jornal Última Hora se refere à determinação do governo de aumentar a segurança nas áreas de conflito no Paraguai – no Alto Paraná e em Itapua, ambas as regiões na fronteira com o Brasil. A estimativa é que 350 mil brasileiros vivam em território paraguaio – a maioria é agricultor.

No jornal Diário Popular, o destaque é a ordem do presidente paraguaio, Fernando Lugo, ao ministro do Interior, Carlos Filizzola, para que garanta segurança aos brasiguaios e aos sem-terra do Paraguai, evitando o agravamento da crise. O apelo ocorre no momento em que homens da Polícia Nacional apelam por reajuste salarial.

Os conflitos se estendem há mais de uma semana. Desde o final do mês passado, brasiguaios enfrentam a pressão dos sem-terra locais para que abandonem suas propriedades. Os sem-terra alegam que a área foi ocupada irregularmente e que deve ser objeto de reforma agrária. Os brasileiros negam a irregularidade.
 

Paraguai garantirá segurança a brasiguaios, diz representante

O encarregado de Negócios do Paraguai no Brasil (o principal representante do governo em Brasília), Didier Olmedo, disse que o presidente paraguaio, Fernando Lugo, está empenhado em encerrar o impasse envolvendo os agricultores brasileiros, denominados brasiguaios, e os sem-terra paraguaios, na região do Alto Paraná. A estimativa é que cerca de 350 mil brasileiros vivam em território paraguaio – a maioria é de agricultores.

Os conflitos se estendem há mais de uma semana. Olmedo disse à Agência Brasil que o esforço é para garantir segurança aos brasileiros e buscar uma solução. "Há um compromisso do governo Lugo em buscar uma solução para o fim do impasse. Porém, é um assunto que tem de ser resolvido no âmbito da Justiça. O esforço das autoridades paraguaias é para garantir a segurança a todos os envolvidos."

Desde o fim do mês passado, brasiguaios enfrentam a pressão dos sem-terra locais, chamados de carperos, na região de Santa Rosa del Monday, no Alto Paraná, próximo à fronteira com o Brasil, para que abandonem suas propriedades. Os sem-terra alegam que a área foi ocupada irregularmente e que deve ser objeto de reforma agrária.

Os brasileiros, por sua vez, negam a irregularidade e dizem que compraram as terras, mas por meio de terceiros. As autoridades paraguaias informaram que os terrenos foram adquiridos pelos brasiguaios, mas que estão inseridas em uma área destinada à reforma agrária no país, que não ocorreu.

"Esse é um problema muito sensível e que vem há muito tempo. Infelizmente muitas pessoas e vários grupos se aproveitam da situação delicada e tentam tirar vantagem", disse o encarregado de Negócios, lembrando que a Lei de Fronteira, em vigência no país desde 2007, agravou a situação. "Pela legislação, aquele que não estiver dentro da área definida pode ser retirado da propriedade."

Olmedo acrescentou que a controvérsia envolvendo brasileiros e paraguaios é tema de reuniões diárias entre as autoridades dos dois países. A Embaixada do Brasil no Paraguai informou que o embaixador brasileiro no país, Eduardo Santos, dedica-se nos últimos dias a conversar com os representantes paraguaios na tentativa de encerrar o impasse.

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