Convite de Karzai pode reabrir portas para ex-comandante dos EUA

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, convidou o general aposentado Stanley A. McChrystal, que comandou as tropas da Otan no Afeganistão entre 2009 e 2010, para que volte ao país. McChrystal planeja realizar a visita em poucas semanas, segundo autoridades afegãs e americanas.

O general não esteve no Afeganistão desde que renunciou ao comando da guerra, em junho de 2010, após um artigo na revista Rolling Stone no qual criticou o governo Obama.

Embora a sua visita seja descrita como privada, pode ser o início de um retorno do general para a arena política afegã, onde foi um jogador importante durante grande parte dos últimos 10 anos, primeiro como chefe de operações clandestinas das forças especiais no Iraque e Afeganistão e depois como comandante geral da Otan no Afeganistão.

McChrystal se manteve em contato com oficiais de alto escalão afegãos, principalmente Karzai, com quem havia construído uma relação forte.

A relação oficial entre Washington e Karzai tem sido muitas vezes tensa. Como resultado, autoridades dos Estados Unidos estão interessadas em ter ao seu lado pessoas que possam abrir novos canais ao errático líder afegão.

O senador John Kerry, de Massachusetts, tem por vezes desempenhado esse papel.

Assim, a visita do general, que acontece no momento em que os Estados Unidos estão negociando um acordo estratégico que irá marcar a relação afegão-americana depois que as tropas de combate dos Estados Unidos se retirarem em 2014, quase certamente será carregada de significado por parte dos observadores afegãos, seja a política discutida ou não.

Várias autoridades afegãs e americanas disseram que Karzai parece ter um bom relacionamento tanto com oficiais de alto escalão dos Estados Unidos quanto do Afeganistão– o general e comandante da Otan John R. Allen e o embaixador Ryan C. Crocker – e que o convite a McChrystal foi uma espécie de tributo pessoal a ele.

Autoridades dos Estados Unidos disseram que a visita de McChrystal poderia beneficiar a ele, Karzai e o governo Obama.

"Karzai sempre gostou de sentir que tem uma relação especial com os americanos além de lidar com o embaixador", disse Bruce O. Riedel, que conduziu a primeira revisão da política para o Paquistão e Afeganistão do presidente Barack Obama no início de 2009. "Esta poderia ser uma forma eficaz de desenvolver uma alternativa para Karzai, bem como para o governo americano. Com isso, McChrystal pode dizer coisas que Ryan Crocker não poderia."

Por Alissa J. Rubin e Eric Schmitt

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