WikiLeaks revela nomes de fontes ao divulgar documentos diplomáticos

O Departamento de Estado dos EUA denunciou nesta terça-feira que a publicação de novos documentos diplomáticos pelo site WikiLeaks põe em risco as pessoas mencionadas. A denúncia foi feita depois de o site de vazamentos ter divulgado, nos últimos dias, quase 134 mil documentos da diplomacia americana nos quais, ao contrário do que vinha fazendo anteriormente, revela a identidade de fontes protegidas.

Dentre os documentos veiculados na segunda-feira há a identidade de um funcionário da ONU na África e o nome de um ativista de direitos humanos estrangeiro no Camboja, segundo o New York Times. Citado pela rede britânica BBC, o procurador-geral da Austrália, Robert McClelland, diz que também foram listados os nomes de 23 australianos que supostamente teriam relação com grupos terroristas no Iêmen em um documento com data de janeiro de 2010.

"A publicação de qualquer informação que possa comprometer a segurança nacional da Austrália – ou prejudicar a habilidade das agências de inteligência de monitorar ameaças potenciais – é inacreditavelmente irresponsável", disse McClelland.

A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, não quis comentar sobre a autenticidade dos documentos, mas assegurou que os vazamentos, que foram iniciados no ano passado, "põem em risco os citados".

"Além de prejudicar nossos esforços diplomáticos, envolve a segurança dos indivíduos (citados), ameaça nossa segurança nacional e vai contra nossos esforços para trabalhar com os países para resolver problemas que compartilhamos", disse.

Nuland afirmou que os EUA "condenam energicamente qualquer revelação ilegal de informação classificada", ressaltando a preocupação de Washington "pelas revelações ilegais e os riscos" que representam.

Nesse sentido, assinalou que o Departamento de Estado está vigiando a situação e "tomando os passos necessários" para diminuir qualquer potencial ameaça para os EUA e para ajudar aqueles que poderiam estar em perigo. Nuland não quis detalhar as medidas de proteção por motivos de segurança.

Justificativa do WikiLeaks

O WikiLeaks negou que quaisquer fontes tenham sido expostas ou que tenha havido erros na divulgação dos dados. Em uma nota veiculadas no site, o grupo disse que foram divulgados 133.887 documentos enviados das embaixadas dos EUA de todo o mundo para o Departamento de Estado americano. "Pela primeira vez, os telegramas diplomáticos estão disponíveis de cada país que tem uma representação diplomática dos EUA", disse.

Segundo a nota, a veiculação marca os nove meses do projeto "Cablegate", afirmando que um volume tão grande foi necessário pelo fato de que a mídia tradicional parou de cobrir as atualizações do Wikileaks em meses recentes.

Desde novembro de 2010, o New York Times e outros jornais influentes de vários países tiveram acesso a centenas de milhares de documentos do Departamento de Estado vazados pelo WikiLeaks.

O criador do site, o jornalista Julian Assange, permanece em prisão domiciliar no leste da Inglaterra aguardando decisão sobre sua extradição para a Suécia, onde é acusado de agredir sexualmente duas mulheres em agosto de 2010.

O jornalista teme que, uma vez extraditado para Suécia, possa ser entregue posteriormente aos EUA, onde poderia ser processado por delito de alta traição pelo vazamento de informações no WikiLeaks.

*Com EFE e BBC

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