Brasil, África do Sul e Índia negociam envio de missão a Damasco

Jamil Chade e Vannildo Mendes

Brasília – Brasil, Índia e África do Sul querem enviar, dentro de no máximo duas semanas, uma missão a Damasco para tratar da violência que assola o país e consultar sobre as reformas prometidas pelo regime de Bashar Assad.

A intenção do Itamaraty é que o grupo parta para a Síria ainda esta semana e o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, deve integrar a missão. O Brasil avalia que essa pode ser a última tentativa de evitar uma resolução da ONU impondo sanções efetivas contra Síria, o que isolaria ainda mais Assad.

Em Genebra, a missão da África do Sul para a ONU confirmou ao Estado que está em negociações com Brasil e Índia para formar a missão que irá a Damasco.

Em meados da semana passada, o embaixador sul-africano em Nova York, Baso Sangqu, havia indicado que pretende integrar o grupo para dialogar com Damasco. "A meta é de ir à Síria, entender em que pé estão e ver como podemos ajudar para superar as dificuldades", disse.

Rússia e China se opõem a uma condenação, linha também adotada por Brasil, África do Sul e Índia, que apostam no diálogo. Consultados pelo Estado, diplomatas próximos à Catherine Ashton, comissária de Relações Exteriores da UE, acreditam que se Brasil e Índia forem convencidos de apoiar a resolução, Moscou e Pequim devem mudar de opinião.

Uma das reações mais duras ao massacre denunciado pela oposição síria na cidade de Hama partiu do governo da Turquia, que até março vinha apostando em uma reaproximação com o regime de Assad. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Ancara afirmou estar "profundamente desapontado" e "triste" com as notícias do suposto banho de sangue na cidade síria.

"Ao lado do restante do mundo islâmico, a Turquia está profundamente desapontada e triste com os acontecimentos na véspera do mês sagrado do Ramadã, quando se espera um trabalho por uma atmosfera de paz e tranquilidade", dizia a nota. Ainda segundo a diplomacia turca, os moradores de Hama têm evitado a violência e estão buscando o diálogo.

A repressão no norte da Síria fez com que milhares de refugiados cruzassem a fronteira com a Turquia nos últimos meses. Eles permanecem acampados em território turco. / COM AP

PARA LEMBRAR
Anistia criticou governo Dilma
A posição brasileira em relação à crise na Síria foi classificada como "vergonhosa" pela Anistia Internacional. A organização lançou uma campanha contra o bloqueio que o País ajudou a impor a uma resolução sobre a questão no Conselho de Segurança da ONU. África do Sul e Índia também se posicionam contra a elaboração do documento. Segundo o coordenador da campanha, Christoph Koettl, uma resolução envolvendo o Tribunal Penal Internacional (TPI) é urgente.

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter