Líbia – EUA cogitam ir além de ‘exclusão aérea’ na Líbia, afirma embaixadora

Novos confrontos nesta quinta-feira (17) mataram ao menos 30, diz TV.
Tropas do governo líbio enfrentaram insurgentes nesta quinta-feira (17) na estrada que leva a Benghazi, principal reduto dos rebeldes, enquanto os Estados Unidos estudam a possibilidade de realizar bombardeios para conter as forças de Muammar Kadhafi.

Os Estados Unidos, anteriormente relutantes à ideia de uma intervenção militar, disseram que o Conselho de Segurança da ONU deveria considerar a adoção de medidas mais duras do que a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia.

'Estamos discutindo muito seriamente e comandando os esforços no Conselho a respeito de uma gama de ações que acreditamos ser eficazes para proteger os civis', disse a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, na noite de quarta-feira em Nova York. 'A visão dos EUA é que precisamos estar preparados para contemplar os passos que incluem uma zona de exclusão aérea, talvez indo além dela', afirmou.

Disparos e explosões

Mas o debate internacional sobre eventuais ações militares pode se arrastar, dando a Kadhafii tempo para dominar a rebelião, que já dura cerca de um mês.Nesta quinta-feira (17), o exército líbio anunciou que, a partir de domingo, supenderá suas operações militares contra a insurreição para que "os terroristas possam entregar suas armas'.

A TV estatal líbia disse que disparos e explosões foram ouvidos no aeroporto próximo a Benghazi. Se confirmado, seria o primeiro combate nos arredores da cidade onde a revolução começou, e um sinal do sucesso da contraofensiva governista.

Os confrontos em torno de Ajdabiyah, uma cidade estratégica na rodovia litorânea, contiveram o avanço do Exército rumo a Benghazi, mas os militares alertaram aos cidadãos que pretendem avançar para a cidade, e recomendaram aos moradores que deixem as áreas controladas pelos rebeldes.

A TV Al Arabiya disse que cerca de 30 pessoas já foram mortas nos combates em Ajdabiyah. Nos arredores da cidade, há carros queimados nos acostamentos, e as forças do governo exibem à imprensa estrangeira os seus canhões, tanques e lançadores móveis de foguetes — um poderio bélico muito superior ao que é usado pelos rebeldes.

A TV estatal informou que as forças do governo capturaram também Misrata, terceira maior cidade líbia, 200 quilômetros a leste de Trípoli. Rebeldes e moradores, no entanto, negaram a afirmação.

Washington inicialmente reagiu com cautela à proposta da Liga Árabe e de governos europeus pela imposição da zona de exclusão aérea, pois alguns funcionários norte-americanos temiam que essa medida fosse militarmente ineficaz e politicamente nociva.

Diplomatas na ONU disseram que a exclusão aérea e outras ações militares — como bombardeios para proteger áreas civis — agora têm apoio dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, e França.

A secretária de Estado Hillary Clinton disse esperar que o Conselho vote a medida 'até no máximo quinta-feira'. Ela afirmou que Kadhafi parece determinado a matar o máximo de líbios que conseguir, e que 'muitas ações diferentes' estavam sendo consideradas.

Rússia, China (ambas com poder de veto), Alemanha e Índia, entre outros membros do Conselho, se mostram indecisos ou contrários à imposição da zona de exclusão aérea. A Itália, possível base para essa operação, é contra qualquer intervenção militar na Líbia.

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