Assassinato de opositor sinaliza agravamento do clima na Rússia, diz Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta segunda-feira que o assassinato do representante da oposição Boris Nemtsov é um sinal do agravamento do clima na Rússia, onde os direitos civis e a liberdade de imprensa retrocederam nos últimos anos.

Nemtsov foi morto a tiros perto do Kremlin na sexta-feira à noite num assassinato ao estilo do submundo do crime.

"Esta é uma indicação de um clima, pelo menos dentro da Rússia, em que a sociedade civil, jornalistas independentes, pessoas que tentam se comunicar na Internet, se sentem cada vez mais ameaçados, constrangidos. E cada vez mais a única informação que o público russo é capaz de obter é através de meios de comunicação controlados pelo Estado", disse Obama em entrevista à Reuters.

Obama defendeu uma investigação completa sobre o assassinato de Nemtsov, um ex-vice-premiê e crítico do presidente russo, Vladimir Putin.

"Não tenho nenhuma ideia neste momento sobre o que aconteceu. O que eu sei, de maneira mais ampla, é que a liberdade de imprensa, liberdade de reunião, a liberdade de informação, os direitos civis básicos e liberdades civis dentro da Rússia estão em situação muito pior agora do que estavam quatro ou cinco, dez anos atrás", afirmou.

Obama se reuniu com Nemtsov durante uma viagem em 2009 a Moscou, onde o presidente dos EUA manteve conversações com partidos da oposição.

Nemtsov, de 55 anos, foi um dos expoentes de uma oposição dividida. Autoridades russas sugeriram que a própria oposição pode estar por trás de seu assassinato, numa tentativa de criar um mártir e unir o movimento fraturado.

Os partidários de Nemtsov acusaram as autoridades pela morte do opositor.
 

Obama diz que Irã precisa suspender atividade nuclear por pelo menos uma década

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta segunda-feira que o Irã deve se comprometer com um congelamento verificável de pelo menos 10 anos de sua atividade nuclear para que um importante acordo seja alcançado, mas afirmou que as chances ainda eram reduzidas.

Em entrevista à Reuters, na Casa Branca, Obama disse que um impasse sobre o discurso planejado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao Congresso norte-americano contra o acordo com o Irã na terça-feira não é algo que seria "permanentemente destrutivo" para os laços entre os EUA e Israel.

Mas o presidente disse que havia uma "divergência substancial" entre seu governo e o governo israelense sobre a forma de alcançar o objetivo comum de impedir que o Irã adquira armas nucleares.

"Se, de fato, o Irã estiver disposto a concordar com anos na casa dos dois dígitos para manter seu programa onde está agora e, de fato, reverter os elementos que existem atualmente… se tivermos isso, e se tivermos uma maneira de verificar, não há outros passos que podemos tomar que nos dariam uma garantia de que eles não têm uma arma nuclear", disse.

O objetivo dos EUA é se certificar de que "haja pelo menos um ano entre percebermos que estão tentando obter uma arma nuclear e eles realmente serem capazes de obtê-la", disse Obama.

Israel teme que a diplomacia de Obama com o Irã, que prevê um acordo nuclear até o fim de março, ainda permitirá que o seu arqui-inimigo desenvolva uma bomba atômica. Teerã nega que esteja buscando armas nucleares.

Netanyahu falou sarcasticamente sobre um possível acordo, dizendo que os negociadores parecem ter desistido de uma promessa para impedir que o Irã obtenha armas nucleares. Ele disse que um Irã armado representaria uma ameaça à existência de Israel.

Obama procurou minimizar os danos a longo prazo da polêmica sobre o discurso de Netanyahu ao Congresso norte-americano, dizendo que o impasse não era pessoal e que irá receber o líder israelense novamente se ele ganhar a eleição israelense de 17 de marco.

"Não se trata de uma questão pessoal. Acho que é importante para todos os países na sua relação com os EUA reconhecer que os EUA têm um processo de decisão política", disse Obama.

Mas afirmou que Netanyahu se equivocou anteriormente com sua oposição a um acordo provisório de 2013 com o Irã.

"Netanyahu fez todos os tipos de reivindicações. Seria um acordo terrível. O Irã obteria 50 bilhões de dólares em alívio. O Irã não iria cumprir o acordo. Nada disso se tornou realidade", disse.

"De fato, durante este período não vimos o Irã avançar seu programa. De muitas maneiras, o país reverteu elementos de seu programa."

Na semana passada, a Casa Branca negou uma informação de que os EUA e o Irã estavam explorando um possível acordo de 10 anos que inicialmente congelaria o programa nuclear do Irã, mas gradualmente permitiria que o país aumentasse as atividades que permitiriam à República Islâmica produzir armas nucleares nos últimos anos do acordo.

Num discurso nesta segunda-feira no Comitê Americano Israelense de Relações Públicas (Aipac), um grupo de lobby pró-Israel, Netanyahu advertiu novamente que um acordo nuclear poderia ameaçar a sobrevivência do Estado judeu, insistindo que a relação EUA-Israel estava "mais forte do que nunca".

Questionado sobre as perspectivas de um acordo final com o Irã, que tem prazo até 30 de junho para ser alcançado, Obama disse que uma dúvida principal era se o Irã concordaria com as exigências de controles rigorosos e os baixos níveis de capacidade de enriquecimento de urânio que o país teria de manter.

"Mas se eles concordarem com isso, seria muito mais eficaz o controle de seu programa nuclear do que qualquer ação militar que poderíamos tomar, qualquer ação militar que Israel poderia tomar e muito mais eficaz do que as sanções", disse Obama.

Um acordo nuclear é considerado fundamental para reduzir o risco de uma guerra no Oriente Médio, num momento em que o Irã está envolvido em conflitos na Síria e no Iraque.


 

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