Leste ucraniano elege líderes pró-Moscou em meio a críticas do Ocidente

Depois das controversas eleições no leste ucraniano, os separatistas pró-russos confirmaram nesta segunda-feira (03/11) a vitória dos líderes rebeldes Alexander Zakharchenko em Donetsk e Igor Plonitsky em Lugansk.

Os pleitos não são reconhecidos pelo governo ucraniano. A União Europeia e a ONU também criticaram as votações como obstáculo para a paz na região.

Segundo as comissões eleitorais locais, Zakharchenko obteve 75,63% dos votos, e Plonitsky, 63,8%. Os líderes rebeldes derrotaram, assim, seus adversários, que também são separatistas, mas quase não apareceram em público, em resultado já previsto por analistas internacionais.

Com as votações, os rebeldes querem reforçar sua posição nas regiões de Donetsk e Lugansk e demonstrar sua independência do governo ucraniano. "Kiev não visa paz alguma", reclamou Zakharchenko na noite de domingo.

Moscou "respeita vontade" dos eleitores

O governo ucraniano, assim como muitos países do Ocidente, considera o pleito ilegal. Já a Rússia reiterou que "respeita a expressão da vontade dos residentes no sudeste (da Ucrânia)", segundo comunicado do Ministério do Exterior russo divulgado por agências de notícias locais.

Para o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, o reconhecimento das eleições pelo Kremlin fere o acordo de cessar-fogo de Minsk, que a Rússia também assinou.

Paralelamente às eleições presidenciais, também foram realizadas eleições parlamentares em Donetsk e Lugansk, nas quais participaram, segundo os rebeldes, cerca de três milhões de cidadãos.

Nas eleições parlamentares na "República Popular de Donetsk", o partido de Zakharchenko, "República de Donetsk", chegou a 65% dos votos, afirmou na noite de domingo o chefe da comissão eleitoral regional, Roman Lyagin. "Estas eleições são importantes porque legitimam nosso poder e nos darão mais distância de Kiev", disse.

Sem observadores internacionais

Observadores internacionais não estiveram presentes, nem uma participação mínima foi definida. A ONU criticou as eleições como "um obstáculo para as negociações de paz". O governo dos EUA também reiterou suas críticas à eleição, argumentando que ela não deve ser pretexto para Moscou enviar mais tropas ou para fornecer armas aos separatistas.

O ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, apelou para que Moscou respeite a unidade da Ucrânia e use sua influência para contribuir para uma resolução pacífica do conflito.

"As chamadas eleições são contrárias às letras e ao espírito do Acordo de Minsk", disse Steinmeier em entrevista à DW, durante uma visita à Indonésia. "No nosso ponto de vista, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia não devem ser infringidas", acrescentou.

A nova chefe da política externa da EU, Federica Mogherini, também classificou as eleições nas áreas de conflito ucranianas como "ilegais e ilícitas". Ela as considera um novo obstáculo no caminho para a paz na Ucrânia. A UE não vai reconhecer a votação. Enquanto isso, a mídia ucraniana divulgou no domingo imagens de vídeo mostrando dezenas de caminhões militares sem placas, afirmando ser um "comboio russo a caminho de Donetsk".

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