Chefe da Otan diz que reforço no Leste Europeu não viola acordo com Rússia

O plano da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de reforçar sua presença militar no Leste Europeu não viola o acordo pós-Guerra Fria firmado com a Rússia a respeito dos níveis das forças militares na região, afirmou o novo chefe da aliança, Jens Stoltenberg, em uma visita à Polônia nesta segunda-feira.

Falando em uma base aérea no centro do país, Stoltenberg declarou estar comprometido com a implementação de um plano para uma nova força de reação rápida que seria uma “ponta de lança” e que foi concebido para apaziguar os países-membros da Otan no leste da Europa alarmados com a intervenção russa na Ucrânia.

Moscou afirmou que um incremento da presença militar em seu flanco ocidental poderia violar um acordo de 1997 sobre o tipo e o tamanho das forças que a Otan pode posicionar em ex-Estados soviéticos.

Indagado sobre o pacto em uma entrevista na base de Lask, Stoltenberg disse à Reuters que o reforço está de acordo com as obrigações do bloco internacional, liderado pelos Estados Unidos.

“Não há contradição entre ter mais presença militar nesta área e também se respeitar a ordem internacional baseada nas regras”, afirmou o ex-primeiro-ministro norueguês Stoltenberg.

O ex-líder da Otan, Anders Fogh Rasmussen, era um crítico veeemente das ações da Rússia na Ucrânia. Desde que assumiu o posto, Stoltenberg usou uma linguagem mais conciliadora em relação a Moscou algumas vezes.

Sua escolha da Polônia como local de sua primeira viagem foi simbólica – o país é um dos ex-aliados soviéticos mais beligerantes em relação à Rússia.

Stoltenberg, de 55 anos, que na juventude foi um ativista antiguerra, é conhecido por sua habilidade para obter compromissos e seu conhecimento da Rússia. Como premiê da Noruega, ele desenvolveu uma amizade pessoal com o então-presidente, e hoje primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev.

Mas Stoltenberg disse nesta segunda-feira não ter havido mudança na posição fundamental de que a Otan tem que ser, antes de tudo, uma aliança militar forte.

“Temos que manter a Otan forte, ajudar a manter nossa vizinhança estável em cooperação com nossos parceiros e manter uma ligação inabalável entre os EUA e a Europa”.

“Isso cria os melhores fundamentos para uma relação mais construtiva, mas cooperativa com a Rússia”, afirmou Stoltenberg.

A Otan deixou claro que não irá intervir militarmente na Ucrânia, que não é membro da entidade.

Stoltenberg usou um tom duro para descrever o papel russo no território ucraniano, dizendo estar preocupado com as violações do cessar-fogo acordado entre Kiev e os rebeldes separatistas pró-Moscou no leste do país.

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