Argentina afirma à ONU que Reino Unido deve negociar soberania das Malvinas

Buenos Aires, 13 jun (EFE).- A Argentina expressou nesta segunda-feira seu apoio à reeleição do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, a quem afirmou que o Reino Unido deve negociar com Buenos Aires a soberania das ilhas Malvinas.

"Reiteramos a ele nosso desejo de que Inglaterra aceite" as resoluções da ONU para "negociar com a Argentina" a soberania das Malvinas, disse a presidente Cristina Fernández de Kirchner, em um evento que contou com a participação de Ban no primeiro dos dois dias de visita oficial ao país.

Na véspera de completar 29 anos da rendição da Argentina na guerra com o Reino Unido pelo domínio do arquipélago, Cristina aproveitou a visita de Ban para lembrar que as resoluções da ONU, que em 1965 determinou às partes que dialogassem, "devem ser respeitadas por todos".

"A Inglaterra ignorou sistematicamente esta resolução das Nações Unidas", criticou a presidente.

Nos últimos anos, a Argentina aumentou sua pressão em diversos fóruns internacionais para que o Reino Unido concorde em discutir a soberania das ilhas, situadas a 400 milhas marítimas do litoral argentino e que os britânicos invadiram e ocuparam em 1833.

Cristina garantiu que seu país tem um "alto grau de coerência na construção da paz" e afirmou que a guerra de 1982, na qual morreram 255 militares britânicos e mais de 650 argentinos, não pode ser atribuída aos cidadãos argentinos, mas à ditadura militar que estava no poder na época.

"Reivindico a todos os países da ONU um papel mais ativo ainda não para dar razão a ninguém, mas simplesmente para que se cumpra essa resolução que só exige que dois países se sentem para negociar uma controvérsia", insistiu.

A governante também disse que "é hora" de os países "importantes" por integrarem o Conselho de Segurança ou o Grupo dos Oito (G8, formado pelos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia) "convençam o resto do mundo que eles também estão sujeitos às normas da ONU".

Por outro lado, Cristina disse ver com bons olhos a reeleição almejada por Ban, cuja chegada a Buenos Aires foi afetada pela nuvem de cinzas do complexo vulcânico chileno Puyehue-Cordón Caulle, o que obrigou o secretário-geral a viajar de ônibus de Córdoba até a capital argentina.

Cansado, mas sem perder o bom-humor, Ban elogiou a "posição única" que a Argentina ocupa como membro do (G20, que reúne as economias ricas e principais emergentes) e como titular do Grupo dos 77 mais a China (G77).

"A Argentina e a América Latina podem desempenhar um papel ainda maior na ONU e a ONU pode desempenhar um papel maior na região, já que somos bons parceiros", afirmou.

Ban destacou ainda que a Argentina "dá um exemplo ao mundo" por suas conquistas na "luta contra a impunidade em torno da violação dos direitos humanos".

"Em matéria de paz, em matéria de desenvolvimento sustentável e de respeito aos direitos humanos, a Argentina condena a impunidade dos que os violam e constitui sem sombra de dúvidas um dos exemplos mais importantes do mundo", concordou a presidente.

O secretário-geral da ONU visitou nesta segunda-feira o Espaço para a Memória, a Promoção e Defesa dos Direitos Humanos criado na antiga Escola de Mecânica da Marinha (Esma), onde funcionou a maior prisão clandestina da ditadura argentina.

"Foi uma das experiências mais tristes e mobilizadoras da minha vida", declarou após percorrer o local.

"É muito triste ter estado no lugar onde milhares de pessoas foram detidas e torturadas. Uma coisa é ler, outra coisa é vê-lo com meus próprios olhos", ressaltou.

Em seguida, Ban ofereceu uma palestra a diplomatas argentinos, na qual falou sobre a situação na Síria, entre outros temas.

Nesta terça-feira, o secretário-geral visitará o Centro Argentino de Treinamento Conjunto para Operações de Paz (Caecopaz), entre outras atividades, antes de viajar para o Uruguai. EFE
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