Líbia – Preocupações internas explicam cautela da Alemanha quanto ao conflito líbio

LUKE BAKER
STEPHEN BROWN

A Alemanha se dissociou publicamente do Reino Unido e da França quanto a ações militares na Líbia, uma postura que coloca em destaque as divisões da União Europeia com relação à política externa e pode ter ramificações políticas mais amplas.

A Alemanha foi um dos cinco países que se abstiveram na votação do Conselho de Segurança das Nações Unidas que autorizou o uso da força contra a Líbia, na semana passada. Os outros quatro foram os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).

Berlim deixou clara sua oposição a um envolvimento militar repetidamente, afirmando não estar convencida de que a imposição de uma zona de restrição de voo ou possíveis ataques aéreos venham a ser efetivos para promover a derrubada do ditador Muammar Gaddafi e proteger os civis do país.

Sua decisão acarreta o risco de reforçar a impressão -vigente em certos países europeus- de que a Alemanha não hesita em agir sozinha quando isso atende aos seus interesses internos, mas exige que outros países desconsiderem suas preocupações internas quando precisa do apoio de seus governos a metas europeias, como pacotes econômicos.

A cautela de Berlim vem sendo propelida em larga medida por considerações de política interna, diz Nick Witney, pesquisador sênior no Conselho Europeu de Relações Exteriores.

Muitos alemães já estão cansados do envolvimento militar do país no Afeganistão, e a chanceler (premiê) Angela Merkel deseja manter o apoio do eleitorado. Seu partido enfrenta seis eleições regionais neste ano, e já perdeu uma eleição em Hamburgo recentemente.

A chanceler pode estar calculando que, antes das eleições, evitar envolvimento na situação líbia pode servir melhor aos seus interesses. Caso haja necessidade, poderia se envolver mais tarde.

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