Líbia – Ditador pede a intermediação de grupo dos Brics

MARCELO NINIO

O governo da Líbia pediu ajuda do Brasil e outros membros do Bric para negociar o fim dos bombardeios ao país.

Com esse objetivo, foram convocados há poucos dias os embaixadores do grupo, formado por Brasil, Rússia, Índia e China, para uma reunião em Trípoli.

Embora tenham sido convidados em bloco, os diplomatas também receberam pedidos individuais a seus países, como o envio de observadores.

O regime de Gaddafi disse que aceita negociar o futuro da Líbia, mas somente após o fim dos ataques da coalizão.

A mão estendida à diplomacia reforça a impressão entre diplomatas em Trípoli de que Gaddafi adota uma tática dupla: enquanto promete lutar até o fim e inflama a população para ganhar pontos na disputa interna, tenta uma saída diplomática.

Mesmo antes da imposição da zona de exclusão aérea pela ONU, Gaddafi já havia manifestado interesse em recorrer aos Brics como mediadores. Com a abstenção dos quatro na votação, o interesse cresceu.

Anteontem, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que espera ver uma "transição benigna" na Líbia, a exemplo do que ocorreu no Egito, onde o ditador Hosni Mubarak renunciou.

Foi a primeira vez que o Brasil insinuou ser favorável à saída de Gaddafi.

Tal posição, entretanto, não foi comunicada oficialmente ao regime líbio.

Sem aliados, Trípoli também tem cada vez menos interlocutores. Há dez dias, o número de embaixadores no país caíra para 70.

Hoje, está em cerca de 40, estima o embaixador do Brasil, George Ney de Souza Fernandes, ainda em Trípoli.

Segundo um diplomata brasileiro, a permanência do embaixador na Líbia foi por determinação da presidente Dilma Rousseff, que defende manter um canal de diálogo.

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