Isolado pelo Ocidente, Ahmadinejad busca fôlego na América Latina

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, cada vez mais pressionado pelo ocidente por seu programa nuclear e suas provocações militares, inicia no domingo uma viagem pela Venezuela, Nicarágua, Cuba e Equador, em busca de apoio.

O líder ultraconservador chegará domingo à noite em Caracas, anunciou o presidente venezuelano Hugo Chávez. Após uma reunião, viajará a Nicarágua para a posse de Daniel Ortega, reeleito presidente. A viagem de cinco dias continuará em Cuba e terminará no Equador.

Hostis aos Estados Unidos, os governos dos quatro países se aproximaram do Irã nos últimos anos. "A viagem mostra o dinamismo da diplomacia do Irã e invalida as afirmações dos inimigos", disse recentemente o diretor de Assuntos Internacionais de Ahmadinejad, Mohammad Reza Forqani, citado pela agência de notícias Irna.

Para Carlos Romero, professor de Relações Internacionais da Universidade Central da Venezuela, Ahmadinejad "tentará buscar oxigênio na América Latina. Seu país está no plano internacional em uma situação muito complexa e internamente o poder é questionado, com seguidos protestos nas redes sociais e denúncias de violações dos direitos Humanos".

Os Estados Unidos e a Europa fecharam o cerco ao Irã com novas sanções e um acordo para o embargo das importações de petróleo iraniano, que representam 18% do total das exportações do país, foi encaminhado. Com estas medidas, esperam obrigar Teerã a abandonar seu controverso programa nuclear, suspeito de ter como objetivo fabricar armas nucleares.

O Irã advertiu nesta semana que utilizará "toda a força", caso Washington não retire sua Marinha do Golfo, algo que a Casa Branca já alertou que não fará. Autoridades do país também declararam que o Irã poderá fechar o Estreito de Ormuz, por onde transita 35% do tráfego marítimo petrolífero mundial. Ao mesmo tempo em que se radicaliza, Teerã se isola em sua região, conturbada pelas insurreições populares que ameaçam os regimes vigentes.

Mesmo na América Latina parece não ter mais o apoio de antes. A Argentina, por exemplo, cortou suas relações com o país depois do atentado contra uma mutual judaica, a AMIA, que matou 85 pessoas em 1994, em Buenos Aires. Oito ex-funcionários do governo iraniano foram acusados pelo ataque.

Além disso, perdeu o apoio do Brasil, cuja presidente, Dilma Rousseff, está mais cautelosa que o antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito do Irã, segundo Lytton Guimarães, especialista em relações internacionais da Universidade de Brasília.

"O Brasil não vai defender nem atacar o Irã. Vai ficar quieto. Com Lula, houve muitas críticas em relação à política externa (de proximidade) do Brasil com a Venezuela, Cuba e Irã", disse à AFP Guimarães.

Entre os quatro países que serão visitados por Ahmadinejad, também não será simples, segundo Romero: "A Venezuela pode cair na tentação, mas Cuba e Equador serão mais difíceis porque não os interessa uma guerra diplomática aberta com os Estados Unidos", explicou.

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