EUA suspendem parte de ajuda ao Paquistão

WASHINGTON. Os Estados Unidos decidiram reter cerca de US$ 800 milhões da verba de ajuda militar ao governo do Paquistão, anunciou ontem o chefe de gabinete da Casa Branca, William Daley. O corte corresponde a quase um terço do total. Em entrevistas, Daley afirmou que as autoridades paquistanesas tomaram algumas medidas que “nos deram razões para colocar parte da ajuda em espera”. Desde que forças americanas entraram no Paquistão e mataram por conta própria Osama bin Laden, em 2 de maio, as relações entre os dois países estão estremecidas. A suspensão do auxílio seria uma forma de pressionar o Paquistão a combater os suspeitos de terrorismo.

Daley disse ainda que a relação com o Paquistão é difícil, mas insistiu que devem melhorar com o tempo. Já o Paquistão considera que a operação americana para matar Bin Laden foi uma violação da sua soberania territorial e reagiu expulsando conselheiros militares americanos do país, cujo Exército permanece sob suspeita de apoiar e proteger alguns grupos rebeldes. Islamabad também limitou a possibilidade de obtenção de vistos por funcionários americanos.

Segundo o “New York Times”, o governo americano está irritado com a expulsão dos conselheiros militares e exige que o Paquistão tome medidas mais severas contra o Talibã, que muitos analistas ocidentais consideram um Estado dentro de outro, como no Afeganistão.

— Enquanto superamos essa dificuldade, vamos reter parte do dinheiro que os contribuintes americanos haviam se comprometido a dar ao aliado dos Estados Unidos. Obviamente, ainda existe ressentimento por parte do sistema político do Paquistão devido à operação que realizamos para nos livrar de Osama Bin Laden — disse Daley em entrevista ao programa “This Week”, da rede ABC, reforçando que o Paquistão tem sido “um importante aliado no combate ao terrorismo” e “uma vítima de muito terrorismo”.
 

Congressistas criticavam auxílio financeiro a militares

Congressistas americanos já vinham criticando a concessão do auxílio militar, especialmente depois da informação de que Bin Laden viveu muito tempo refugiado em Abbottabad, numa casa localizada na vizinhança da principal academia militar do Paquistão.

E a tensão entre os dois países aumentou depois que o almirante Mike Mullen, chefe do Estado Maior conjunto dos Estados Unidos, afirmou na última sexta-feira que as forças de segurança paquistanesas possivelmente aprovaram o assassinato em maio do jornalista paquistanês Syed Saleem Shahzad, que relatou a infiltração de extremistas no Exército. As acusações foram rechaçadas pelas forças do Paquistão, que incluem o serviço de inteligência, órgão com laços históricos com os talibãs.

O governo do Paquistão também tem reclamado de ataques com aviões não tripulados americanos e a realização de ações não comunicadas aos paquistaneses por parte dos americanos.

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