Conselhos de Blair ao Brasil

Sílvio Ribas


Os desafios de competitividade enfrentados pelo país refletem uma mudança de patamar de sua economia, e, para serem superados, exigem decisões severas. A avaliação foi feita ontem em Brasília pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, após um rápido encontro com a presidente Dilma Rousseff. "O Brasil conquistou um progresso extraordinário nos últimos 20 anos, e os problemas advindos desse crescimento estão evidentes, como os da educação, da infraestrutura e do ambiente de negócios. A questão é como passar do atual nível econômico para um outro maior", disse.

Estrela dos palestrantes do congresso organizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), Blair informou que teve uma "conversa construtiva" com Dilma a respeito dos impactos da crise da Zona do Euro sobre as economias mundial e brasileira, entre outros assuntos. "Todos os países têm de encarar hoje a necessidade de mudar para ganhar competitividade. O povo geralmente não gosta de mudanças, mas é impossível ficar parado quando o mundo em volta muda e de forma tão rápida", explicou.

Ideologia

Sem querer endossar uma comparação entre Dilma e sua antecessora Margareth Thatcher, ele acrescentou que cada governo tem sua estratégia, com análises que vão além do matiz ideológico. Sobre as Olimpíadas, em 2016, Blair, que é conselheiro da Prefeitura do Rio, contou que seu país teve "um dia de alegria", no anúncio da escolha de Londres como sede, "e sete anos de duro trabalho". "Apesar dessas preocupações, no fim, o resultado foi excelente. Vocês passarão pelo mesmo processo, com muitas críticas e dificuldades, mas tudo dará certo", apostou.

Aposta de Clinton

O Brasil parece ter as melhores perspectivas de longo prazo entre as potências econômicas emergentes, graças à sua estrutura política estável, aos amplos recursos naturais e ao bom relacionamento com os vizinhos, disse ontem, durante fórum com banqueiros, em São Paulo, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Ele demonstrou confiança na economia brasileira, que ultimamente tem enfrentado dificuldades, como o recuo da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e os gargalos na área de infraestrutura. "Se eu estivesse sentado em uma sala apostando sobre o futuro das economias em ascensão, eu apostaria primeiro no Brasil", afirmou. Clinton reconheceu alguns problemas, mas disse que o país ainda "parece muito bem" se comparado às economias europeia e norte-americana.

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