Análise – A Nova “UNIÃO SOVIÉTICA” (Islâmica)

Dr. Reis Friede

Desembargador Federal e ex-Membro do Ministério Público. Mestre e Doutor em Direito e Autor de mais de 30 obras sobre Direito e Segurança Internacional.
 

A ingenuidade irresponsável de BARACK OBAMA, – quase em uma copilação histórica do desastroso governo HENRY TRUMAN (1945-1952) -, vem logrando reeditar, – não obstante as naturais limitações comparativas com supostos paralelos históricos -, as mesmas ações (ou inações) que conduziram, em grande medida, a consolidação do comunismo expansionista, com centro irradiador na extinta União Soviética, e os consequentes 50 anos de guerra fria.

Trata-se do fortalecimento e consolidação do islamismo radical, com foco na reconstrução do Império Persa que, guardadas as devidas proporções, já sinaliza o ressurgimento de uma nova “União Soviética”, no sentido da caracterização de um novo e indesejado desafio para a paz mundial.

Superados todos os obstáculos para a construção de seu impressionante poderio bélico, – tal como sucedeu, no caso da URSS, logo após a rendição alemã -, o Irã será o grande e único beneficiário do vácuo político resultante da degradação dos regimes ditatoriais moderados, em sua maioria pró-ocidente, existentes em grande parte do atual Oriente Médio, mesmo incluído o adversário regime sírio, considerado, por muitos, como aliado ocasional do regime iraniano.

Com o iminente isolamento da Arábia Saudita sunita e dos pequenos Emirados que lhe são próximos e com o previsível desastre no Afeganistão, – adicionado a capacidade estratégico nuclear de dissuasão iraniana que estará, em breve, plenamente operacional -, não existirá mais qualquer obstáculo ao nascimento de uma nova superpotência militar com extensa projeção de poderio sobre todo o Oriente Médio e com efetiva capacidade de rivalizar, ainda que pontualmente, com o poderio norte-americano, mormente quando as lideranças políticas de Washington continuam preocupadas, quase que exclusivamente, em fortalecer a Índia como possível elemento de contensão à emergência silenciosa, de natureza econômico-militar, da China.

Por efeito, é cediço concluir que, tal como ocorreu em 1979, com a queda do regime político implantado por REZA PAHLEVI, – incentivada pela leviana política de defesa dos direitos humanos do governo JIMMY CARTER -, os regimes ditatoriais do Oriente Médio não serão simples e automaticamente substituídos por desejadas democracias pluralistas, até porque a concepção estrutural de soberania destes países, é nitidamente teocrática, afastando, por si só, a existência de um pretenso caminho abreviado para a radical transformação dos pilares ideológicos destas sociedades, mesmo considerando toda a plenitude do poder das novas tecnologias digitais.

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