BELO MONTE – Ataques intimidatórios

RIO — A revolta nos canteiros de obras da Usina de Belo Monte parou os trabalhos. Segundo sindicalistas, a empresa está mandando para casa os cerca de 15 mil operários, depois que alojamentos, lojas, refeitórios e escritórios foram parcialmente destruídos. Segundo Roginel Gobbo, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada no Pará (Sintrapav-PA), ligado à Força Sindical, o tumulto começou no sábado, depois que foi levado a proposta do consórcio de reajuste salarial.
 
— Eles não aceitaram e um grupo de encapuzados começou a destruir o local. Estávamos, inclusive, com proposta de greve, mas não foi preciso porque a empresa parou a obra.
 
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A reivindicação dos trabalhadores era de reajuste de 33% para a maioria dos operários, os chamados nominados (carpinteiros, mecânicos e outros) e de 15% para o restante. A empresa ofereceu 11% para os trabalhadores nominados e 8% para o restante.
 
Além disso, pediam que a visita à família fosse de três em três meses. Na obra, a folga só acontece de seis em seis meses. Nos canteiros de usinas em Rondônia, Jirau e Santo Antônio, a folga acontece em 90 dias. .
 
— Queremos que os salários sejam igualados a de outros canteiros — diz Gobbo.
 
Já Emiliano Oliveira, representante da central sindical Conlutas que desde de julho acompanha o movimento dos trabalhadores nos canteiros, afirma que os trabalhadores tomaram as máquinas e dominaram a região, expulsando os seguranças, o pessoal de escritório e do Sintrapav:
 
_ Os trabalhadores se revoltaram contra o sindicato que defendeu essa proposta. Não houve assembleia para definir as reivindicações. E a empresa não quer negociar com uma comissão de trabalhadores.
 
Gobbo afirma que houve assembleia em setembro e que eles também não aceitam a proposta de 11%, mas tinham que levá-la para os canteiros.
 
O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), contratado pela Norte Energia para erguer a usina, está em negociação com os trabalhadores e oficialmente, a situação não é de greve, mas de folga dos trabalhadores.

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