
COBERTURA ESPECIAL - Front Interno - Segurança
Quadrilhas recrutam adolescentes para assassinatos na Grande Vitória
Atraídos pelo dinheiro fácil, menores a partir de 12 anos são aliciados para o tráfico de drogas com a missão de enfrentar policiais e matar rivais
Eliane Proscholdt e Francine Spinassé
Jornal A Tribuna / Vitória
Edição 16 Fevereiro 20
Em busca de um mundo de luxo e de dinheiro fácil, menores a partir de 12 anos têm seguido um caminho muitas vezes sem volta: o tráfico de drogas. Muitos adolescentes têm sido recrutados por quadrilhas de traficantes, inclusive, para matar em morros da Grande Vitória.
Essa missão é dada geralmente para adolescentes entre 16 e 17 anos que, armados, partem para o enfrentamento a policiais e grupos rivais que tentam tomar territórios.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Moacir Barreto, disse que nos bailes do Mandela, por exemplo, é comum ver menores a partir dos 12 anos, até mesmo armados, no caminho do crime.
Ele ainda frisou que eles têm entre 16 e 17 anos e são os que mais trocam tiros com a PM. “Esses não tiveram perspectivas e já entraram no mundo do crime.”
Barreto explicou que por terem uma punição reduzida, há adultos que usam os adolescentes para matar. “A faixa de quem mais mata no Brasil é a faixa de quem mais morre também. Quem mata está entre 16 e 26 anos. Já os que morrem, estão exatamente na mesma idade.”
Conforme o coronel, quando um adolescente mata e não vai preso, ele se sente como uma pessoa que subiu na hierarquia do crime.
O titular da Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), delegado Wellington Lugão, salientou que a carreira prematura no tráfico geralmente começa como vapor ou avião, ou seja, comercializando drogas, assim como olheiros que monitoram a aproximação de policiais e bandidos rivais.
Mas se por um lado os menores veem vantagens no mundo do crime, por outro, os traficantes também têm motivos para recrutá-los.
“O adolescente envolvido apenas com o tráfico, na maioria das vezes acaba sendo liberado na própria unidade policial por força do dispositivo legal. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, via de regra, ele só pode ser apreendido em caso de violência ou grave ameaça à pessoa, cujas condutas não estão presentes nos casos dos olheiros, vapores e soldados do tráfico.”
Outro ponto que influencia é a questão financeira, já que quando são apreendidos o custo com advogados (pago pelos traficantes) é menor, uma vez que a permanência deles em unidades de internação normalmente é curta.
Nota DefesaNet
Parabéns às jornalistas Eliane Proscholdt e Francine Spinassé, e aos editores de A Tribuna pela coragem de tratar do tema com dignidade sem os estereótipos do "Politicamente Correto".
No dia 12 Fevereiro a UNICEF comemorou o Dia contra os Soldados Criança.
It’s International Day Against the Use of Child Soldiers.
— UNICEF (@UNICEF) 12 de fevereiro de 2019
Children should be at school. Not at war.
RT if you agree.#ChildrenUnderAttack #ChildrenNotSoldiers#RedHandDay pic.twitter.com/vrSzPUDKp3
O Editor
Comentário DefesaNet
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