O SAAB JAS 39 Gripen

O começo

Em junho de 1982 o Parlamento Sueco aprovou o programa de desenvolvimento de uma nova aeronave de combate. O nome do programa foi abreviado com as letras JAS, que significa Jakt (caça), Attack (ataque), Spaning (reconhecimento).

Passados catorze anos entre as fases de desenvolvimento, testes e aceitação, o Gripen é oficialmente incorporado à Força Aérea da Suécia como parte da cerimônia de inauguração do Centro de Treinamento Gripen na Base Aérea de Skaraborg (F7), em Såtenas. A inauguração contou com as presenças do Rei Carl Gustav XVI e a Rainha de alma brasileira Sílvia da Suécia. Em 1997 é declarado operacional o primeiro esquadrão de JAS 39 da Força Aérea.

Red Flag: destaque no mais complexo exercício aéreo

Em julho de 2006 sete caças Gripen suecos voaram mais de 10.000 quilômetros para fazer parte dos exercícios Red Flag no Alaska. Na base da Força Aérea de Eilson, eles se reuniram com outras aeronaves de combate das Forças Aéreas dos EUA, Canadá e Japão. Durante os onze dias de exercício, os Gripens fizeram duas saídas com quatro caças a cada dia, registrando um total de 340 horas de vôo, sendo que 150 “em missão”, com apenas 12 pilotos e 35 técnicos de manutenção.

Esse feito foi repetido dois anos depois, quando o caças suecos operaram em missões de ataque ao solo e apoio aéreo aproximado a partir da Base Aérea de Nellis, na Red Flag 08.3. Durante as missões de ataque os Gripens eram escoltados por caças F-5 M do 1º/14º GAv – Esquadrão Pampa – da Força Aérea Brasileira.

Os Gripen possuíam um equipamento interno que realizava interferência eletrônica nos radares dos equipamentos antiaéreos, e vários Gripens não foram abatidos por isso. Eles tinham a capacidade de entrar num ambiente saturado de artilharia antiaérea e conseguir sobreviver para lançar as bombas no alvo e no horário programado (HSO).

Nos voos da Red Flag 08.3 havia sempre um coordenador principal (Mission Commander) para realizar o desconflito de rotas e a coordenação da melhor tática para aquela missão. “Em dois voos o Mission Commander foi Sueco e o desempenho deles, tão bom quanto o de muitos americanos. Isso chamou bastante a nossa atenção, pois o nível de preparo técnico para assumir essa função é muito grande”, disse um piloto brasileiro que participou da missão. Segundo os suecos até hoje nenhum Gripen foi abatido num exercício internacional.

Os pilotos suecos possuem uma ótima fluência na língua inglesa, o que contribui sobremaneira em manobras e exercícios internacionais, onde a fraseologia é toda em inglês, bem como a interação com pilotos de outros países.

Pronto para ir à guerra

Em junho de 2009, no exercício Loyal Arrow, da OTAN, o Gripen recebeu da Aliança Atlântica a certificação para operar no Afeganistão, o que agora só depende de uma decisão do Parlamento Sueco para que a aeronave tenha enfim seu batismo de fogo. Participaram como observadores na Loyal Arrow alguns pilotos de esquadrões de caça da Força Aérea Brasileira.

Reunião de operadores

Além da Suécia, o Gripen foi vendido para as Forças Aéreas da África do Sul, República Tcheca, Tailândia e Hungria. A cada ano é realizada uma reunião com os operadores das aeronaves que tem por objetivo discutir doutrinas de operação e aperfeiçoamento técnico.
Este encontro é único no mundo e demonstra o compromisso da Suécia com os países compradores na melhoria contínua das aeronaves através do conhecimento e necessidades de quem as opera.

Confiabilidade do equipamento

O JAS 39 já ultrapassou a marca de 130 mil horas de voo. Dos acidentes que o modelo já sofreu, um foi na fase de testes do protótipo e outro provocado por um defeito no assento ejetor, que provocou uma ejeção não programada. Nunca um piloto perdeu a vida a bordo de um Gripen e não há registro de acidente causado por falha no motor, fator que demonstra a confiabilidade do seu único motor.

Baixo custo é atrativo a países emergentes

Possuir uma das mais modernas aeronaves de combate em operação não é só para países ricos e por isso o Gripen tem chamado a atenção e se mostrado uma solução para nações emergentes. Além do valor de aquisição relativamente pequeno, cerca de metade do valor dos aviões de mesma categoria, o Gripen possui o custo hora-voo baixo, em torno dos 4 mil dólares. Sua manutenção é feita em módulos, o que diminui o tempo de reparo, aumenta a disponibilidade na linha de voo e reduz o custo. Essa forma de manutenção não necessita ser executada por técnicos especializados e na Força Aérea da Suécia é feita por jovens do Serviço Militar Obrigatório.

O rearmamento do Gripen para uma missão ar-ar leva cerca de 10 minutos enquanto que a ar-solo dura 20 minutos e pode ser feito por seis militares, sendo cinco deles recrutas. A facilidade no apoio logístico, principalmente quando operando em bases dispersas é um grande diferencial do Gripen, e que poderia ser aproveitado em condições semelhantes pela Força Aérea Brasileira, quando desdobra unidades caça para a região amazônica.

 

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