DefesaNet – Observações Estratégicas

DefesaNet –  Observações Estratégicas 

 

                                                                                                      Nelson Düring

Editor-Chefe DefesaNet

 

Apesentamos algumas observações estratégicas, com base no que foi acompanhado na 6ª BIDBRASIL, e outos assuntos relevantes do momento.  

 

1) Em 2014 a Rússia invadiu e anexou a Crimeia e desde então tem patrocinado e apoiado através de meios híbridos a guerra no leste da Ucrânia. Mais de 14 mil pessoas morreram. Como uma clara violação da lei internacional, a Rússia sofreu vários reveses e nas próximas semanas pode vir a tomar a mais drástica e perigosa ação, uma invasão terrestre do território ucraniano, o que provocaria uma guerra no coração da Europa, que traria consequências que seriam sentidas no mundo todo, inclusive no Brasil.

 A Rússia  vem armando a Venezuela, o que representa a principal fonte de procupação dos militares brasileiros. A Ucrânia possui farta tecnologia militar e possui no Brasil sua segunda maior população na diáspora. Geopolítica é um assunto muito sério. DefesaNet pergunta aos candidatos a Presidente da República e ao atual mandatário, qual deverá ser a posição do Brasil com relação a este assunto tão relevante no cenário internacional.

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2)  O Exército Brasileiro possui dois programas importantes em andamento, a aquisição da Viatura Blindada de Combate de Cavalaria (VBC Cav) e a modernização do EE-9 Cascavel. Como a prioridade correta é a aquisição da VBC Cav, DefesaNet observa que uma revitaliação dos EE-9 Cascavel e a instalação de um optrônico capaz de apoiar as missões de reconhecimento e exploração, trazendo a capacidade de operação noturna. Seria uma modernização simples e de baixo custo e efetiva.

Ao economizar recursos destinados a modernização do Cascavel, parte deles seriam aproveitados no projeto de aquisição do 8×8, e também na aquisição de um obuseiro sobre rodas autopropulsado de 155mm, cujo emprego seria importante nas brigadas mecanizadas. Neste caso teríamos a operação do trinômio Guarani, VBC Cav e Artilharia sobre rodas, colocando nossas brigadas mecanizadas em estágio de desenvolvimento e em condições operacionais e de mobilidade estratégica superior a qualquer outra na região.

 

 

3)   Sobre o VBC Cav, DefesaNet observa que o Exército Brasileiro faça uma decisão pensando no futuro, não com os pés no presente e os olhos no passado. O VBC Cav é um veículo de combate, que será utilizado pelos próximos 40 anos. Faz-se necessário adquirir um veículo moderno, que não seja protótipo, desenvolvido para lutar a guerra da nova geração e com poder de fogo de um canhão de 120mm. Se o Exército Brasileiro manter o calibre de 105mm não estará fazendo uma decisão estratégica. O calibre de 120mm é a escolha certa, e também será o que vai equipar o futuro Carro de Combate brasileiro, o que traria uma comunalidade logística ao Exército, além dos já conhecidos diferenciais operacionais do canhão de 120mm no combate moderno.

Nota – as observações sobre o VBC Cav e o EE-9 Cascavel serão complementadas em outras matérias ao longo da semana

 

 

 

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A figura acima foi apresentada na 10ª CSTM pela Diretoria de Fabricação como o projeto de modernização do EE-9 Cascavel.

Os itens com interrogação poderão ser revitalizados ou modernizados de forma limitada. Estas simplificações reduzirão expressivamente o custo do Programa EE-9 Cascavel

 

4) A inteligência na área de fronteira é prioridade absoluta para a Marinha, Exército e Aeronáutica. As Forças Armadas precisam urgentemente manter e criar novas capacidades de coleta, análise e distribuição de inteligência às áreas operacionais e de decisão estratégica. Uma das tarefas da inteligência é lutar silenciosamente em período de paz para evitar a guerra, por isso ela é fundamental para as operações militares. Dada a atual situação do Brasil, com a presença de forças irregulares como guerrilheiros e narcotraficantes, conselheiros militares russos na Venezuela, espionagem estrangeira em Brasília e as próprias atividades de patrulhamento aéreo na fronteira e a inteligência de sinais em benefício do SISFRON, investir em meios de inteligência é a solução de mais baixo custo dedicada ao apoio da atividade fim dos militares, trazendo benefícios rápidos e diretos as atividades operacionais além de prover inteligência estratégica aos tomadores de decisão.

5) A Venezuela se equipou com um Sistema de Defesa Antiaérea em camadas (seguindo a filosofia operacional russa), que protege o território venezuelano e que impossibilita qualquer operação aérea próxima ou dentro de suas fronteiras. Construir uma capacidade que seja capaz de localizar, identificar e interfereir nestes sistemas é essencial, é um assunto prioritário de Segurança Nacional que deveria ter atenção do Ministério da Defesa. Enquanto não possuirmos esta capacidade, não teremos liberdade de manobra e segurança na utilização de aeronaves militares naquela região. Decidir não investir em meios que tragam esta capacidade é uma irresponsabilidade que pode trazer consequências trágicas as Forças Armadas no caso da necessidade de emprego da força militar na região. Cabe aos decisores militares assumir as responsabilidades, estando eles no serviço ativo, ou serem responsabilizados na reserva pela inércia por terem se furtado de fazer as decisões necessárias. Pior que uma decisão errada é não tomar decisão alguma.

6) A área de cibernética das Forças Armadas praticamente inexiste, embora oficialmente assuma muitas responsbilidades e requer investimento de grande vulto para ganhar e demonstrar sua importância estratégica. Investir em cibernética é hoje uma das prioridades, entretanto não é isso que temos visto. Até o momento não se construiu nenhuma capacidade de cibernética capaz de ser empregada em combate ou garantir a proteção do Governo Federal.

O Brasil precisa encontrar uma nação aliada e de confiança e com sua ajuda construir as capacidades necessárias à operação cibernética, seja ela ofensiva ou defensiva.  Uma forma de construir as capacidades cibernéticas nas Forças Armadas é através de um acordo governamental com uma potência estrangeira aliada do Brasil. Atentar para assinatura de acordos e contratos com empresas que se dizem nacionais mas que tem por trás potências estrangeiras que são desafetas ao Governo Federal, nações estas que possuem fronteira comum ou interesses estratégicos conflitantes com os do Brasil.

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