Militares aumentam reserva de contingência temendo crise na segurança do RJ

Tânia Monteiro / Andreza Matais¹

Os militares que trabalham na organização da Olimpíada estão preocupados com o comportamento das forças de segurança do Rio de Janeiro que têm feito ameaças ao governo estadual por causa de atrasos no pagamento de salários e gratificações. Recentemente, a Polícia Civil fez no aeroporto do Galeão um protesto que incluiu recepcionar os turistas com uma facha em inglês com os dizeres: “Bem-vindo ao inferno: policiais e bombeiros não recebem, quem vier ao Rio de Janeiro não estará seguro”.

Por conta desta preocupação, os militares se viram obrigados a aumentar a chamada reserva de contingência, que temem que precisará ser usada para socorrer problemas que avaliam que poderão acontecer em decorrência do acirramento dos ânimos de policiais contra o governo do Estado. Pelo menos 800 homens estarão a postos para serem empregados somente em caso de emergência, mas este número poderá ser ampliado caso as preocupações aumentem.

Fora a reserva de contingência, 38 mil homens do exercito, marinha e da aeronáutica estarão trabalhando na segurança durante os jogos olímpicos, desses, 20 mil diretamente no Rio. A partir desta terça-feira estes homens estarão a postos para iniciar o trabalho de segurança ja com vistas aos jogos olímpicos.

As declarações do prefeito do Rio, Eduardo Paes, culpando a administração do estado do Rio e dizendo que falta comando das forças policiais, também não colabora e, ao contrário, só aumenta a sensação de insegurança da população e dos visitantes. O prefeito cobrou uma atitude do governador em exercício e disse que o governo do estado precisa “tomar vergonha na cara” e cumprir com suas obrigações. Ele criticou problemas de segurança e saúde e pediu que governador "arregace as mangas".

Ademir Sobrinho, chefe do Estado-Maior: "Temos de nos preparar para terror nos Jogos"¹

O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante de esquadra Ademir Sobrinho, afirma que o terrorismo é uma preocupação na Olimpíada. Muitos alvos de grupos radicais vão desembarcar no Brasil. Diante disso, o pessoal que vai lidar com os visitantes foi treinado para identificar lobos solitários e outras medidas estão sendo tomadas para garantir a segurança de atletas e espectadores. “Não podemos dizer que não há probabilidade de um ataque terrorista. Temos que nos preparar para a pior situação. É o que estamos fazendo.”

Integração

Esse é o sétimo grande evento internacional que está ocorrendo. Nós vamos trabalhar integrando as três áreas: inteligência, segurança pública e defesa. Estamos integrados do nível tático até o estratégico.

Terrorismo

A ameaça terrorista hoje é latente em todo o mundo. Muitos alvos desses terroristas estão vindo para o Brasil. Se bem que o terrorismo hoje, eu diria, nem tem mais alvos específicos. Eles querem mostrar a causa. Então nós não podemos dizer que não há probabilidade de ter um ataque terrorista. Nós temos que nos preparar para a pior situação e é isso que estamos fazendo.

Combate ao terrorismo

Trabalhamos junto com os órgãos de segurança pública no enfrentamento ao terrorismo e com a Defesa Civil para a defesa química, bacteriológica, nuclear e radiológica. Inclusive, três hospitais das Forças vão atender a qualquer acidentado, ou qualquer pessoa que seja afetada por um desses elementos.

Lobos solitários

Nós temos que nos preparar para tudo. Realmente, é muito difícil a detenção de um lobo desses. Estamos conscientizando as pessoas que vão trabalhar diretamente com o público, mostrando indícios que podem significar alguma coisa estranha, chamar atenção, que possa ser relacionada com uma ameaça. E essas pessoas comunicarão a um órgão central, isso já foi estipulado.

Disque terror

O pessoal de hotéis, de aeroportos, de shopping centers, de táxis, de transporte coletivo têm um número que eles poderão ligar para informar sobre qualquer indício de alguém com característica de um lobo solitário. O treinamento ocorre nas cidades do futebol e no Rio de Janeiro.

Espaço aéreo

Atuaremos no controle aéreo desde o início, inclusive existirão áreas onde será proibido voo durante as competições. O aeroporto de Jacarepaguá estará fechado porque a Vila Olímpica está ao lado dele. A precaução é para evitar que uma aeronave seja jogada contra uma instalação.

Galeão e Santos Dumont

Qualquer voo com destino ao Galeão ou o Santos Dumont passará por um controle no aeroporto de partida. Os voos regionais terão que pousar antes para ter esse controle. Por exemplo, uma aeronave que saia de um aeroporto pequeno, que não tenha esse controle de raio-x ou de identificação das pessoas, durante o horário das competições ela só pode entrar no Rio de Janeiro se ela passar num local onde possa fazer esse controle. Os voos comerciais normais já têm esse controle na entrada do aeroporto.

Helicóptero

Dentro da área que a gente chama de vermelha ninguém poderá voar durante as competições. Isso é cerca de quatro a cinco quilômetros dos locais onde estão sendo os jogos.

Drones

Está proibido. Não é bom levar. Nós vamos recolher esse drone, vamos interferir, fazê-lo pousar, recolher e a pessoa está sujeita à legislação em vigor.

Violência no RJ

Estamos acabando de fechar a delimitação dos locais onde estremos ostensivamente. Creio que na semana teremos autorização presidencial. A nossa atuação será naquilo que interfere na realização da Olimpíada, principalmente dos jogos. Mas logicamente que o público é uma preocupação.

Ajuste fiscal

Em nenhum momento houve falta de recursos para a preparação da segurança da Olimpíada.

Segurança fronteiras

Nós estamos montando um sistema de vigilância, mas é um sistema dual – militar e para segurança pública também. O módulo piloto, que é no Mato Grosso, está em fase de teste, mas é dual.

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