Fuzileiros navais começam a patrulhar acessos a Copacabana em julho

Gustavo Goulart

A 36 dias da abertura dos Jogos Olímpicos, a Marinha anunciou nesta quinta-feira que estará presente nas ruas, reforçando o patrulhamento da orla, de São Conrado ao Caju, juntamente com a Força Nacional e as polícias Militar, Civil e Federal. A mudança na atuação das Forças Armadas, que durante a Copa do Mundo foi discreta, leva em conta o cenário internacional, com a possibilidade de uma ação terrorista durante o evento. Cerca de três mil fuzileiros navais poderão ser vistos a partir do dia 24 deste mês nas principais avenidas e túneis das zonas Sul e Portuária.

Esse contingente usará 170 veículos de apoio. Além disso, 11 blindados e dois carros anfíbios vão ficar à disposição da tropa na Escola Naval (ao lado do Aeroporto Santos Dumont) e no Forte do Leme.

A Marinha também atuará no mar, com pelo menos 1.500 militares. Eles patrulharão toda a costa do Rio, incluindo a Baía da Guanabara, onde serão ativadas zonas de exclusão durante as competições de vela. Estarão ainda no espelho d’água da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde acontecerão as disputas de remo e canoagem. No total, serão usadas 26 embarcações como fragatas e corvetas, além de 40 lanchas.

Por fim, a força atuará no ar, com oito aeronaves, que darão apoio ao pessoal em terra e no mar.

A presença ostensiva das Forças Armadas nas ruas repete a estratégia adotada nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, quando militares ingleses deixaram os quartéis para reforçar o patrulhamento na cidade.

O esquema da Marinha foi anunciado ontem de manhã, durante a apresentação de equipamentos de combate e dos militares que integrarão o Grupo Tarefa Terrestre. Eles ficarão subordinados ao coordenador de Defesa Setorial Copacabana, o vice-almirante Leonardo Puntel, comandante do I Distrito Naval. Segundo ele, a presença da força no mar já poderá ser percebida a partir do dia 15 deste mês.

Em entrevista no Comando da Divisão Anfíbia de Fuzileiros Navais, na Ilha do Governador, o comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra, vice-almirante Alexandre José Barreto de Mattos, lembrou que os militares já atuaram em ações de “enfrentamento ao terrorismo e agirão na defesa contra eventuais ataques nucleares, biológicos, químicos e radiológicos”.

Segundo o oficial, o ataque terrorista ocorrido terça-feira passada no aeroporto de Istambul, na Turquia, que deixou mais de 40 mortos, está sendo analisado.

— Fazemos anualmente adestramento, para que as equipes fiquem atentas e preparadas para qualquer tarefa prevista na legislação e que afete as Forças Armadas. Esse fato que ocorreu recentemente (o atentado) obviamente faz parte das nossas considerações a respeito desse tipo de problema — enfatizou o vice-almirante Barreto.

Segundo o vice-almirante Leonardo Puntel, o Brasil tem capacidade para combater o terrorismo.

— Essa ameaça do terrorismo vem sendo trabalhada há muito tempo. Já foi considerada em outros grandes eventos — disse. — É uma atividade de adestramento, de planejamento e de inteligência, principalmente, que desenvolvemos há muito tempo. Estamos preparados.

As tropas de fuzileiros navais foram transferidas ontem para o controle do I Distrito Naval, responsável por todo o patrulhamento da orla durante os Jogos.

— A Marinha tem a responsabilidade de ser a força de contingência onde ocorrerão jogos na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Praia de Copacabana, na Praia do Flamengo e na Marina da Glória. Nas vias expressas também. Nos túneis e nas principais avenidas, vocês vão ver os fuzileiros navais a partir do dia 24 de julho. Próximo à arena da Praia de Copacabana, teremos tropas no Forte do Leme — explicou o comandante do I Distrito Naval.

Segundo Puntel, os militares se prepararam bastante para atuar durante a Olimpíada do Rio:

— Nós tivemos, nos últimos anos, os Jogos Pan-Americanos, os Jogos Mundiais Militares, a vinda do Papa ao Brasil e a Jornada Mundial da Juventude. Isso tudo permitiu uma preparação real, que envolveu a Marinha, o Exército e a Aeronáutica, trabalhando em conjunto com a Polícia Federal, a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Guarda Municipal. Todos esses órgãos de segurança pública estão muito bem integrados com as Forças Armadas.

EXÉRCITO ESTARÁ EM DEODORO

Enquanto a Marinha ficará responsável pelo reforço no policiamento da orla carioca, o Exército cuidará do patrulhamento do Maracanã, de Deodoro e da Barra da Tijuca, três pontos onde serão realizadas provas ou cerimônias dos Jogos Olímpicos.

O esquema de segurança da Olimpíada terá, no total, 85 mil agentes. Só no Rio de Janeiro, serão 67 mil: 20 mil das Forças Armadas e 47 mil de corporações como Força Nacional, polícias Federal, Militar e Civil, além do Corpo de Bombeiros. O restante do contingente estará nas outras cinco cidades onde acontecerão partidas de futebol dos Jogos Olímpicos: São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília e Manaus.

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