COBERTURA ESPECIAL - Eventos - Segurança
Mesmo sem competir, páises enviam policiais para aprender com a Copa no Brasil
Nicholle Murmel
Especial para DefesaNet
Às vésperas do início da Copa do Mundo, policiais de países não classificados para o Mundial estão no Brasil para aprender como funciona um evento de porte internacional. O Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI) em Brasilia recebe agentes dos 32 países que jogarão no Mundial, além de representantes de Angola, Moçambique, Catar, Peru, Tanzânia e Venezuela, além de agentes da INTERPOL, AMERIPOL e do ESCRITÓRIO das NAÇÕES UNIDAS sobre DROGRAS e CRIME (UNDOC).
Os representantes desses países considerados de relevância estratégica vêm ao Brasil principalmente para aprender. O delegado da Pol[icia Federal Joziel Brito, alocado no CCPI, cita o exemplo do Catar, que sediará a Copa de 2022, depois da Rússia em 2018. “Há uma função pedagógica para esses países. Vamos servir de paradigma”, explica. Critérios como o fluxo de turistas e a localização em região de fronteira foram considerados pela PF. “O Paraguai, por exemplo, não vai participar da Copa, mas é uma porta de entrada para o Brasil”, comenta Brito.
Os efetivos dos seis países permanecerão no Centro, observando o gerenciamento da segurança nos jogos. Os policiais também serão capacitados com cursos na área de integridade esportiva, como o Curso de Combate à Manipulação de Resultados Esportivos, ministrado na pela Divisão de Match Fixing da INTERPOL, responsável pelo programa Integrity in Sport para educar agentes de segurança em todo o mundo em investigação e prevenção de corrupção e outros crimes no esporte.
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A Polícia Federal é responsável pelo contato com forças policiais no exterior e pelos convites e acordos que permitiram a presença dos agentes que acompanharão seus times e torcedores, e também dos países em missão educativa.
A polêmica força policial de Moçambique
No fim de abril deste ano, portais de notícia e blogs brasileiros publicaram conteúdo afirmando que homens da Polícia da República de Moçambique, supostamente uma das mais violentas da África, atuariam como reforço à Força de Sgurança Nacional e à Polícia Federal na segurança durante a Copa, inclusive na Final no estádio do Maracanã no Rio de Janeiro. Um dos sites creditou a informação ao jornal Folha de Maputo, da capital moçambicana.
Ao ser questionado sobre as atividades previstas não só para os policiais moçambicanos, mas os de todas as nações consideradas estratégicas, o delegado Brito reforça que a função dos agentes se restringe ao Centro de Cooperação como observadores que levarão de volta a seus países o conhecimento para que possam sediar e gerenciar grandes eventos urbanos no futuro. “Em todos os lugares há boas e más polícias, e bons e maus policiais. Quando um país se representa no exterior, envia sempre o que tem de melhor”, esclarece o delegado.
Torcedores contarão com policiais de seus países
A função principal do CCPI é integrar os órgãos de segurança locais e os agentes enviados pelas nações classificadas para a Copa. Ao todo, 75 policiais brasileiros e 205 estrangeiros trabalharão em conjunto. Parte desse contingente atuará no próprio Centro, com acesso à base de dados da Interpol e das polícias dos países competidores, a fim de levantar informações acerca da autenticidade de documentos apresentdos para entrar no Brasil, e também listas de passageiros de voos internacionais, antecedentes dos cidadãos entrangeiros em território brasileiro, listas de grupos de torcedores com histórico de incidentes, criminosos e aliciadores de exploração sexual.
Outra parte desses policiais estará presente nos estádios durante as partidas como oficiais de ligação, mediando a interação entre as torcidas e as forças de segurança brasileiras. Esse papel é auxiliar e subordinado à PF. “Os policiais estrangeiros estarão identificados com a farda que usam em seu país de origem, não andarão armados e não terão poder de polícia”, explica Antonio Felipe de Almeida Gonçalves, da Assessoria de Relações Internacionais da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (SESGE), subordinada ao Ministério da Justiça.
O envio de policiais ao país-sede do Mundial para cooperar com agentes locais não é novidade. A experiência começou na Copa da Alemanha, em 2006 e se repetiu na África-do-Sul em 2010
Sobre o Centro de Cooperação Policial Internacional
A criação do CCPI foi autorizada pela portaria 88/2014 da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, assinada em março deste ano. A Sesge é responsavel por atribuir aos órgãos competentes as atividades de planejamento, coordenação, acompanhamento, avaliação e integração durante a Operação de Segurança da Copa do Mundo 2014.
As atividades do Centro começaram na última segunda-feira (09) na sede da Polícia Federal em Brasília. Os policiais trabalharão monitorando o entorno dos estádios, consultando bancos de dados internacionais, além de apurar e armazenar dados sobre ocorrências e incidentes envolvendo torcidas estrangeiras durante o Mundial.
Nota distribuída pela Polícia Federal em 22JUN14
A Polícia Federal, em cooperação com a policia argentina, deteve, na tarde deste sábado (21/06), no estádio, em Belo Horizonte (MG), dois barrabravas. |