A estratégia de Dilma

Sérgio Pardellas

Num ano que já teve rolezinho, ônibus incendiados e até um ataque covarde contra um trabalhador que dava carona em seu Fusca, o Planalto aguarda pela Copa do Mundo com a certeza de que o País irá conviver com protestos de natureza variada.

A dúvida é o tamanho e a tonalidade. Na semana passada, ao iniciar um périplo pelas 12 cidades que irão sediar a Copa, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, procurava colocar a discussão em termos políticos. "A Copa vai ser um sucesso porque a população quer ver os jogos, quer torcer pelo Brasil e quer receber bem as torcidas estrangeiras." Um levantamento do Datafolha junto a 10.403 torcedores, realizado um mês após os protestos apocalípticos de junho de 2013, mostra um ambiente favorável. S

e 21% disseram não apoiar a Copa, 37% se disseram a favor e 26% deram apoio em parte. Para 75%, a Copa irá reforçar o "orgulho de ser brasileiro". Para 51%, a Copa deixará um legado positivo. Nas cidades-sede, o otimismo é maior: 59% acreditam num saldo favorável.

Na Secretaria-Geral da Presidência da República, emissários sob comando do ministro Gilberto Carvalho monitoram tanto Comitês Populares da Copa, que reúnem famílias  que foram retiradas de suas casas para a abertura de avenidas e demais obras públicas, quanto aquilo que o governo chama de "o pessoal de Seattle": anarquistas que irão se mobilizar em torno dos estádios em busca de confronto permanente.

Com os primeiros o Planalto acha que tem diálogo e desde já procura debater reivindicações. Com os segundos não haverá muito o que fazer – a não ser torcer para que sejam menos numerosos do que no ano passado e possam ser contidos em limites aceitáveis de cidadania.

A cinco meses para o pontapé inicial, o Planalto encomendou às prefeituras de cada cidade-sede e aos respectivos governos estaduais um balanço específico de cada investimento anunciado. Os resultados – que devem ser desiguais – começaram a chegar a Brasília e devem ser finalizados no início da semana.

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