Federação da PF investe para ampliar bancada pró-Lava Jato

A Federação Nacional dos Policiais Federais (FENAPEF) patrocina, desde o ano passado, uma série de atividades para preparar os pré-candidatos ligados à instituição para a campanha eleitoral – como equipe de marketing, evento de lançamento de candidaturas e até treinamento para se relacionar com a imprensa. O objetivo da associação é aumentar a bancada pró Lava Jato no Congresso.

Em 22 de maio, um grande evento foi realizado em Brasília para lançar a "frente da Lava Jato", formada por cerca de 30 agentes da Polícia Federal que disputarão a eleição. A cerimônia ocorreu na sede da Associação dos Magistrados do Distrito Federal, com direito a coquetel que incluía champanhe, cerveja, camarão empanado e queijo coalho com melaço.

Antes do lançamento oficial, um trabalho nos bastidores foi realizado. Pelo menos desde novembro do ano passado, os policiais-candidatos vêm recebendo orientação de uma empresa especializada em marketing político, formada por publicitá- rios que já atuaram em campanhas no Brasil e no exterior. A Fenapef também contratou pesquisas para conhecer melhor o perfil do eleitor e traçar estratégias. Constatou, por exemplo, que somente 30% dos brasileiros são favoráveis ao porte de arma e aconselhou os pré-candidatos a evitar fotos ostentando pistolas e revólveres.

No site lançado para divulgar a frente há um pequeno perfil de cada pré-candidato e um vídeo curto, no estilo de propaganda eleitoral, no qual os agentes se apresentam e falam de suas propostas. Sem poder utilizar o logotipo da PF, a frente adotou as cores amarela e preta e uma mensagem: "Segurança sim. Corrupção não".

Segundo o presidente da FENAPEF|, Luís Antônio de Araújo Boudens, a ideia de formar uma frente dos agentes da Polícia Federal para disputar as eleições se consolidou em 2016, depois da disputa municipal. A corporação elegeu 24 nomes, entre prefeitos e vereadores. Agora, pretende repetir o sucesso e aumentar a bancada dos agentes da PF no Congresso, que hoje possui dois deputados.

Legislação. Segundo especialistas em direito eleitoral ouvidos pelo Estado, não há definição na legislação eleitoral sobre o que uma entidade pode ou não fazer por seus associados durante a pré-campanha. Pessoas jurídicas não podem financiar candidatos, mas não há impedimento legal para que uma associação prepare ou dê treinamento para seus integrantes.

Mesmo assim, há dúvidas se a atuação da FENAPEF não extrapolou essa possibilidade. "É claro que uma associação, às vésperas das eleições, preparando seus integrantes para a campanha, pode estar numa linha tênue entre o que é financiamento e o que não é", afirmou Diego Rais, professor de direito eleitoral do Mackenzie.

Em nota, a FENAPEF confirmou que investiu na "prestação de serviços de comunicação e marketing, como produção de peças digitais, realização de pesquisa, bem como análise e criação de estratégias de comunicação" aos pré-candidatos para que "o projeto de renovação política chegue ao conhecimento da sociedade".

Questionada sobre valores gastos nas atividades, a federação não falou em cifras e disse apenas que "seus gastos ficam sujeitos à análise do conselho fiscal da Fenapef, composto por policiais federais e seus filiados".

A entidade também afirmou que, conforme determina a legislação, não atuará durante o período eleitoral.

Bancada

30 agentes da Polícia Federal devem disputar as eleições deste ano, lançando a "Frente da Lava Jato".

<script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter