Editorial – Hangout Amordaçado – Defesa & Segurança Negligenciadas

Editorial DefesaNet
 

Os debates entre os candidatos à Presidência da República veiculados 16 e 19 de outubro no SBT e Rede Record,respectivamente, nos deram as respostas que buscávamos para entender a razão da coordenação de campanha de ambos os candidatos boicotarem, no último instante, a participação de seus representantes, convidados do evento produzido pela DefesaNet em parceria com o jornal O Globo, que por esta razão houve de ser cancelado.
 
Ausência de Propostas
 
Entre acusações e a citação de número inócuos pelos dois candidatos. A inconsistência dos programas de governo, em um contexto concreto de propostas, reduziu a campanha presidencial a uma disputa de imagem, com fulcro na habilidade marqueteira, sem compromisso com uma agenda de interesses do país.
 
Se de forma geral o grosso da campanha reflete (ao mesmo tempo em que reforça) o baixo envolvimento do povo brasileiro na consciência do voto – em tomar para si o papel de protagonista das mudanças necessárias ao país – no miúdo fica clara a completa ausência de diretrizes para as áreas que efetivamente conduzam à transformação do país.
 
Nebulosas e inespecíficas para setores gerais, as falas, propagandas e materiais de campanha dos candidatos são obscuras e despreparadas para os temas profissionais, operacionais e industriais do setor de Segurança e Defesa Nacional.
 
Ignorância Magna
 
As duas propostas de governo também se igualam no desconhecimento (ou desprezo) às atribuições constitucionais das instituições permanentes da República.
 
Para ilustrar estas incoerências, ambos os candidatos referem-se às Forças Armadas como parte da solução da insegurança generalizada instalada no Brasil. Omitem, ou desconhecem, que o Soldado é treinado para neutralizar o inimigo, em outras palavras, matá-lo. Não é adestrado para prendê-lo ou captura-lo visando sua ressocialização. Isso é atribuição das polícias e do sistema penitenciário. O próprio uso da definição “inimigo” deixa claro que o emprego continuado, ou em operações regulares em ambiente civil, é inadequada. Ou pretendem os candidatos promover uma alteração da Constituição?
 
Ao mencionarem as Forças Armadas, a quem todos os governantes recorrem quando “o bicho pega”, esquecem-se de propor qualquer ajustamento salarial. Sim, ajustamento. Refiro-me desta forma ao comparar o salário base de um Oficial-General ao de um ascensorista do Senado. Adivinhe quem ganha mais?
 
Não falam de investimentos em pesquisa e desenvolvimento na indústria de defesa, ao mesmo tempo em que ignoram os contingenciamentos que ameaçam esta área empresarial – que depende de contratos governamentais para existir – à quebradeira.
 
Se não podemos nos balizar pela excelência, resta a nós brasileiros, negando a negligência irresponsável e inconsequente do voto branco ou nulo, nivelar por baixo e escolher o menos ruim.

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