Cresce temor por impacto econômico global de vírus na China

Os países começaram a isolar centenas de cidadãos retirados da cidade chinesa de Wuhan, nesta quinta-feira, para impedir a propagação de uma epidemia que matou 170 pessoas, num momento em que a preocupação com o impacto na segunda maior economia do mundo atinge os mercados.

As ações e moedas asiáticas caíram com o aumento do número de mortos e mais casos relatados. Há temor cada vez maior de que o impacto na economia da China se espalhe pelo mundo nos próximos meses.

A Índia se tornou o mais recente país a relatar um caso —um estudante da Universidade de Wuhan— enquanto preocupação e medo provocaram protestos na Coreia do Sul e ameaças de greves em Hong Kong.

“Os mercados permanecerão altamente voláteis enquanto sentirem que têm apenas uma imagem incompleta do que está acontecendo e do que acontecerá a seguir”, disse Agathe Demarais, diretora global de previsões da Economist Intelligence Unit.

Em um sinal de alarme por possíveis danos, o vice-governador do Banco do Japão, Masayoshi Amamiya, disse que a enorme presença da China na economia mundial precisa ser levada em consideração na avaliação do impacto que o surto poderia ter no crescimento global.

O Google e a sueca Ikea se juntaram a outras grandes empresas e paralisaram operações na China. Também cresce a preocupação de que milhares de operários chineses que desfrutaram do feriado do Ano Novo Lunar possam ter dificuldades para voltar ao trabalho na próxima semana, devido às extensas restrições de viagens impostas para impedir a propagação do vírus.

A Samsung Electronics, da Coreia do Sul, informou que estendeu o fechamento do feriado para algumas instalações de produção da China. A Comissão Nacional de Saúde da China disse que o número total de mortes pelo coronavírus no país subiu para 170 no final da quarta-feira, e o número de infectados aumentou para 7.711.

Quase todas as mortes ocorreram na província central de Hubei, que tem cerca de 60 milhões de habitantes e agora está sob isolamento. O vírus surgiu no mês passado em um mercado de animais selvagens na capital da província, a cidade de Wuhan.

O Comitê de Emergência da Organização Mundial da Saúde vai se reunir nesta quinta-feira para decidir se o vírus constitui uma emergência global. Foram relatadas infecções em pelo menos 16 outros países, com 105 casos confirmados, mas nenhuma morte ocorreu fora da China.

OMS volta a avaliar  se declara coronavírus emergência global; China começa a esvaziar regiões

Governos estrangeiros retiraram seus cidadãos do epicentro do surto do coronavírus na China nesta quarta-feira, enquanto o número de mortos pela doença saltou para 133 e a Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou “grave preocupação” sobre a contaminação de pessoa para pessoa em três outros países.

A OMS afirmou que seu Comitê de Emergência se reuniria novamente a portas fechadas na quinta-feira para decidir se a rápida propagação do novo vírus a partir da China constitui agora uma emergência global.

“Nos últimos dias o progresso do vírus, especialmente em alguns países, especialmente na transmissão de humano para humano, nos preocupa”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva em Genebra, citando Alemanha, Vietnã e Japão como os países que registraram transmissão de pessoa a pessoa.

“Embora os números fora da China ainda sejam relativamente pequenos, eles possuem o potencial para um surto muito maior.” Foram registrados 6.065 casos do vírus análogo ao da gripe em 15 países pelo mundo —todos, exceto cerca de 70, na China— de acordo com os últimos números da OMS. Todas as mortes até agora aconteceram na China, onde a Comissão Nacional de Saúde informou 132 fatalidades até o final da terça-feira.

Mais uma morte foi reportada na província de Sichuan na quarta-feira. A situação permanece “sombria e complexa”, disse o presidente chinês, Xi Jinping, que na terça-feira havia prometido derrotar o vírus “demoníaco”.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ter falado com Xi e seu governo e que estava trabalhando de perto com a China para conter o surto. Algumas grandes companhias aéreas suspenderam voos para a China, e um importante economista previu um grande impacto do surto do vírus no crescimento econômico do país.

O painel da OMS composto por 16 especialistas independentes recusou duas vezes na semana passada declarar a situação como emergência internacional, mas irá reavaliar a situação novamente na quinta-feira. “Estamos em uma conjuntura importante neste episódio. Acreditamos que essas cadeias de transmissão ainda possam ser interrompidas”, disse Mike Ryan, diretor-executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS.

Ryan também elogiou a resposta da China ao surto do coronavírus: “Estão tomando medidas extraordinárias diante de um desafio extraordinário”. Em muitas das cidades chinesas, as ruas estavam quase completamente desertas.

Atrações turísticas estão fechadas e lojas da rede de cafés Starbucks exigiam que as pessoas medissem suas temperaturas e usassem máscaras. “É a minha primeira viagem à Ásia, me sinto muito azarada”, disse a turista brasileira Amanda Lee, de 23 anos, que estava encurtando sua viagem. “Eu não consegui ver os lugares que gostaria, como a Grande Muralha.”

Quase todas as mortes até agora aconteceram na província central de Hubei, que abriga população de cerca de 60 milhões de pessoas e se encontra agora virtualmente isolada. O vírus surgiu no mês passado em um mercado de animais selvagens em Wuhan, capital da província.

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