Marinha realiza exercício de segurança física nuclear em Iperó (SP)

Exercício testa integração de capacidades NBQR e valida tecnologias críticas para a segurança nuclear do País

A Marinha do Brasil (MB) realizou a 6ª edição do exercício voltado ao aprimoramento da capacidade de resposta do Sistema de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR) e ao fortalecimento dos procedimentos de segurança física nuclear.

A atividade ocorreu nas instalações do Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), em Iperó (SP), sob a organização do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), com a participação de militares e servidores civis de diferentes organizações militares e instituições parceiras do setor nuclear brasileiro.

O exercício, realizado de 3 a 7 de novembro de 2025, teve como principal objetivo avaliar e aperfeiçoar os protocolos de prevenção, detecção e resposta a incidentes NBQR, bem como testar a eficácia das medidas de proteção física de materiais e instalações nucleares.

Para essa finalidade, foi empregado um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, dirigido pelo Comando de Proteção e Defesa NBQR da Marinha, com a participação de meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, sediada no Rio de Janeiro, e do 3º Batalhão de Proteção e Defesa NBQR, de Brasília.

Durante a semana, foram realizadas simulações de emergências radiológicas e químicas, ações de contenção de vazamentos em áreas controladas, neutralização de ameaças cibernéticas, procedimentos de descontaminação e atendimento médico em zonas contaminadas.

Também foram conduzidos treinamentos específicos de segurança física nuclear, envolvendo o reforço de barreiras, controle de acesso às áreas sensíveis, desativação de artefatos explosivos, controle de distúrbios e resposta a tentativas de intrusão e sabotagem, bem como atividades de operações de informações.

Mais de 500 militares e civis participaram da atividade, que contou com a presença inédita de observadores da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) e do Centro Regional de Ciência Nucleares do Nordeste (CRCN-NE), órgão pertencente à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Segundo o Diretor do CTMSP, Vice-Almirante (Engenheiro-Naval), Celso Mizutani Koga, “o exercício de 2025 evidencia a contínua evolução da Marinha na integração das áreas de defesa NBQR e segurança física nuclear, por meio da validação de protocolos de resposta a emergências radiológicas, químicas e cibernéticas, da aplicação rigorosa de medidas de proteção física e do aprimoramento da interoperabilidade entre diversos setores da Marinha. Esta atividade reforça o compromisso institucional com a proteção de pessoas, instalações estratégicas e do meio ambiente, fortalecendo a prontidão operacional e a excelência tecnológica da Marinha do Brasil.” 

O Comandante de Proteção e Defesa NBQR da Marinha, Contra-Almirante (Fuzileiro Naval) Roberto Lemos, afirmou: 

O Adestramento de Proteção e Defesa NBQR, sob coordenação do Centro Tecnológico, alcançou o propósito de aprimorar a capacidade de apoiar a Resposta Integrada a Emergências (“Safety and Security”) na área nuclear. Em sua sexta edição foram utilizadas também as estruturas da Secretaria Naval de Segurança Nuclear, por meio do Sistema do Centro de Acompanhamento de Respostas a Emergências Nucleares e Radiológicas Navais (SisCARE). Digno de mencionar o inédito emprego dos 1°, 2° e 3° Batalhões de Proteção e Defesa NBQR de forma integrada, que reforçou ou incrementou as atuais capacidades para a segurança das instalações nucleares.

O exercício de 2025 fortalece os esforços contínuos da MB voltados à proteção física e tecnológica das instalações nucleares, consolidando a prontidão das equipes e a interoperabilidade entre as instituições que compõem o Sistema de Defesa NBQR, em consonância com as diretrizes estabelecidas pela Estratégia Nacional de Defesa.

O Sistema de Defesa NBQR da Marinha

O Sistema de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR) da Marinha é responsável por prevenir, detectar e responder a incidentes envolvendo agentes nucleares, biológicos, químicos e radiológicos, garantindo a proteção de pessoal, de instalações estratégicas e do meio ambiente.

Estruturado com unidades especializadas, equipes de resposta de pronto emprego, laboratórios e equipamentos de monitoramento, o sistema integra ações de prevenção, resposta e atividades voltadas à ciência, tecnologia e inovação.

Atua de forma sinérgica, em coordenação com agências e órgãos civis e militares, incluindo o Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON).

Sua atuação é fundamental tanto em cenários de rotina quanto em situações críticas, como acidentes em instalações nucleares ou ameaças terroristas, contribuindo para que a Marinha mantenha prontidão operacional e capacidade tecnológica para enfrentar riscos complexos e de alto impacto.

O Programa Nuclear da Marinha e o PROSUB

O Programa Nuclear da Marinha (PNM) tem como foco o domínio completo do ciclo do combustível nuclear, desde a produção e enriquecimento de urânio até a operação segura de reatores nucleares de propulsão naval.

O Programa visa ao desenvolvimento de tecnologias estratégicas que garantam autonomia, segurança e inovação científica ao Brasil em um campo altamente sensível e de elevada complexidade tecnológica.

Integrado a esse esforço, o Programa de Submarinos (PROSUB) — realizado em parceria com a França — prevê a construção de submarinos convencionais e do futuro Submarino com Propulsão Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA), que será operado a partir do reator desenvolvido no CTMSP

O PROSUB fortalece a soberania marítima brasileira, garantindo a proteção das águas jurisdicionais e do patrimônio estratégico nacional. Além disso, promove a transferência de tecnologia e o desenvolvimento industrial e científico do País, assegurando que as capacidades nucleares e de propulsão naval sejam plenamente dominadas e geridas pelo Brasil.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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