Análise Inteligência – Operação “Inundação de Al-Aqsa”

Especial Análista Inteligência para DefesaNet
10 Outubro 2023

Passados quatro dias desde que o grupo terrorista Hamas levou a cabo uma operação em grande escala no Sul de Israel, que podemos comparar em termos de nível de preparação, não com uma operação terrorista banal, mas com uma operação militar complexa e ampla.

Na verdade, não há absolutamente nenhuma assinatura do Hamas nas principais ações realizadas.  O que observamos, em 7 de Outubro, tinha pouca semelhança com as operações clássicas deste grupo terrorista, e é simplesmente impossível evoluir subitamente após décadas sem mostrar etapas intermediárias.

Em primeiro lugar, o avanço foi realizado de forma correta e cuidadosa, em dois escalões.

O primeiro escalão, formado por grupos móveis, em motocicletas e picapes (os Technicals), cujo objetivo era penetrar rapidamente no território israelense, entrar em cidades e vilas e aí gerar terror.  Isto desviou a atenção da polícia e dos militares para focos de violência nas cidades, enquanto o segundo escalão seguia os grupos móveis.

Nota DefesaNet – Raras imagens dos technicals base do “Primeiro Escalão

O segundo escalão, limpou os locais atravessados, organizou a retirada dos reféns e prestou apoio logístico aos grupos avançados.  Ao mesmo tempo, as táticas de combate a veículos e aeronaves fortemente blindados foram aplicadas com competência e muita competência.  O resultado foram perdas sem precedentes de um dos melhores carros de combate do mundo, o Merkava Mk.4, o que já levanta uma série de questões sobre a sua classificação como um deles.

Os “terroristas” dançando com smartphones, filmando tanques em chamas e zombando dos corpos dos mortos – estes não eram do primeiro ou segundo escalão, que não tiveram tempo de se envolver nesse ato nojento.  E eram os “terroristas” dançando sobre os cadáveres, que são o padrão clássico do Hamas.

Uma diferença importante entre esta operação e as muitas outras perpetradas pelo Hamas foi o emprego generalizado de meios não usuais aos palestinos, em particular, drones, destruição dos postos de observação e guerra eletrônica avançada, que obstruiu as comunicações móveis e especiais, ataques de hackers aos recursos de informação israelitas, a polícia e o IDF.  E todas estas ações ocorreram sem problemas, acompanhadas de um ataque massivo de foguetes às cidades israelenses.

Novas capacidades foram adicionadas ao Hamas, tais como: Inteligência, Guerra Eletrônica e Estado-Maior.

Pontos importante, chamar a atenção para o fato de que vários portais de informação, principalmente russos, divulgaram informes sobre o uso de recursos e meios não característicos do Hamas, os mesmos drones, enfatizando “com base na experiência na Ucrânia”, dando assim a estes a “Operação Inundação Al-Agsa” um sabor do conflito ucraniano.  Sem focar em quem tem essa experiência além do exército ucraniano (forças russas), mas no fato em si, no contexto da tragédia, desacreditando a própria palavra “Ucrânia”.

Algum tempo depois, vários tipos de vídeos de “gratidão” do Hamas à Ucrânia pela transferência de armas, em particular RPG-7, começaram a se espalhar pelas plataformas russas.  Na verdade, existem fotos de destruição de carros de combate Merkava Mk.4 por munições tandem PG-7VR “Resume”.  Há apenas uma nuance.  Em quase todos os vídeos, os terroristas estão armados com PG-7T iraniano de 73 mm.

 Assim, a operação em si, não tem apenas um propósito militar, mas também uma operação de informação e desinformação em larga escala.  Um golpe para a reputação de Israel.  Ativação de forças anti-israelenses.  Por sua vez, a Rússia aproveitou este terror para desacreditar a Ucrânia, e através da mídia alinhada já está sendo lançada uma narrativa de que foi a assistência militar à Ucrânia que enfraqueceu os Estados Unidos, que começou a ajudar menos Israel, o que resultou neste terror em massa.

Simultaneamente com a retórica anti-israelense, a retórica anti-ucraniana também pulsa no espaço da informação.

O Hamas nunca poderia ter dominado uma tal gama de tarefas, no terreno, no ar, no ciberespaço e no campo da inteligência. Em paralelo ao facto de ser necessário limpar os ninhos destes grupo terroristas da Faixa de Gaza, o que as IDF têm feito com sucesso desde a tarde de 7 de Outubro, deve-se também colocar a questão, quem forneceu o primeiro e segundo escalão com tudo o que é necessário, armamentos, treinamento e inclusive terroristas, para cometer atrocidades em tão grande escala.

Operações de caça aos grupos do Primeiro Escalão foram custosas e trouxeram notícias de massacres que impactarão as estratégias futuras

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter