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Notas Estratégicas FAB – Lançado o F-X3

Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet

Dez anos após a assinatura do contrato para desenvolvimento e produção de 36 caças F-39 Gripen, a FAB da largada para o projeto F-X3.

Será uma outra plataforma para substituir parte dos F-5M e AMX que estão terminando sua vida operacional após décadas.

A FAB não precisa somente de aviões. Ela precisa comprar um novo sistema logístico e de cadeia de suprimentos além de sensores, mísseis e bombas. Hoje, praticamente a aviação de caça não possui mísseis e bombas convencionais e guiadas em quantidades necessárias ao emprego por uma esquadrilha.

Por isso, DefesaNet reforça que não basta se comprar uma aeronave, mas um sistema de armas completo e compatível com a realidade brasileira.

O F-16 é ainda uma das melhores plataformas da atualidade, mas possui o custo de hora de voo superior a 25 mil dólares, não há parque aeronáutico capaz de fazer sua manutenção nem a indústria de defesa brasileira está certificada para fazer qualquer tipo de modernização, e nem será.

A plataforma F-16 é uma das poucas que não podem receber nenhum tipo de modernização sem a autorização da fabricante Lockheed Martin e do Governo Americano.. Também não é possível fazer qualquer tipo de integração dos mísseis IRIS-T comprados para o Gripen nos F-16. Essa integração vai depender de autorização do governo dos Estados Unidos e dos fabricantes, a um custo de dezenas de milhões de dólares. Na indústria de defesa nada é plug and play como alguns ingênuos desavisados acreditam. A integração de armamento é custosa, demorada e requer múltiplas autorizações.

Atualmente, a questão política e a posição pró-Rússia do governo brasileiro e de parcela das Forças Armadas gera desconfiança e coloca em risco qualquer projeto militar com os Estados Unidos e integrantes da OTAN, e será muito difícil o Brasil conseguir adquirir esses aviões. Ademais, fontes norte-americanas de Defesanet afirmaram que a USAF não vai vender nenhum avião do seu acervo nem do estoque estratégico. Só será possível comprar F-16 de países que estão já migrando para o F-35. Além disso, a Ucrânia espera receber até 120 caças nos próximos anos.

A burocracia dos processos de aquisição, os constantes cortes no orçamento e a indecisão de setores das FFAA sobre as capacidades necessárias ao emprego militar fazem o Brasil perder oportunidades históricas, como foi a oferta de 36 F-16 MLU da Holanda, 20 anos atrás, a apenas 5 milhões de dólares à unidade.

Agora precisamos repensar qual seria uma plataforma ideal para substituir primeiramente os AMX na tarefa de ataque ao solo, agregando tecnologia desruptiva e armamentos inteligentes e stand off.

Temos que ter muito cuidado para não repetir três projetos catastróficos para a FAB, a aquisição e modernização dos P-3A, a modernização dos AMX e aquisição dos Mirage 2000-C, que ainda poderiam estar voando hoje cumprindo perfeitamente a missão de defesa aérea, mas desativado prematuramente.

A FAB precisa de sistemas de armas compatíveis com a realidade do emprego do Poder Aéreo. O Brasil não vai entrar em guerra com a Argentina. Mas precisamos ser capazes de dissuadir qualquer ameaça à integridade das nossas fronteiras e sermos capazes de integrar coalizões internacionais e operar em pacote, utilizando a mais moderna tecnologia disponível. Essa é a realidade da FAB.

Se a decisão for pelo F-16, que se compre um avião novo de Block 70. Do contrário, comprar um célula obsoleta, que necessita de reforço estrutural e a respectiva modernização, aquisição e integração de uma suíte completa de guerra eletrônica, de sensores, sistemas de comunicação, datalink, radar e armamento, além de readequação de pistas, pátios e hangares de bases aéreas, nesse caso é melhor lançar o F-X3. O mercado tem soluções e capacidades para todo tipo de orçamento. O mundo está em guerra. É pegar ou largar, como foi com os F-16 holandeses.

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