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Para Morgan Stanley e William Blair, é hora de comprar Embraer

Felipe Saturnino E Fabiola Moura

(Bloomberg) — A Embraer pode já ter sido punida o suficiente.

Os American Depositary Receipts da empresa acumulam queda de cerca de 33% desde o pico no início deste ano, derrubados pelo que alguns investidores e analistas consideraram como um valor muito baixo da oferta feita pela Boeing.

“As expectativas podem ter sido excessivas, particularmente dos analistas brasileiros”, disse Nicholas Heymann, da William Blair, em entrevista. A realidade é que os US$ 3,8 bilhões oferecidos pela Boeing por 80% da divisão comercial da Embraer é um preço justo, disse ele.

No mês passado, o Morgan Stanley elevou a recomendação para a Embraer, ao apontar que as ações estão de volta ao valor registrado antes do anúncio do negócio entre as empresas, em 21 de dezembro. O Santander também elevou o preço-alvo para os ADRs da Embraer para de US$ 19 para US$ 21,60, em razão do seu limitado potencial de queda.

Em relatório de 13 de agosto, o Credit Suisse considerou um exagero a onda de venda ao reiterar sua recomendação outperform. As ações oscilaram pouco desde então.

Risco político

Neste momento, o acordo entre as empresas ainda é um memorando de entendimento e enfrenta risco político. O governo brasileiro detém uma golden share na Embraer, o que lhe dá poder de veto sobre um possível negócios – e existem as eleições presidenciais à vista.

Enquanto o primeiro colocado nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), disse ser favorável ao acordo com a Boeing, desde que “seja bom para ambas as partes,” o segundo colocado, Fernando Haddad (PT), disse que buscaria formas de reverter o acordo, pois está sendo feito às pressas e sem “diálogo com a população.”

O mercado está agora precificando o risco excessivo de que o negócio possa ser bloqueado e atribuindo muito pouco valor às divisões de aviação executiva e de defesa da Embraer, disse o Morgan Stanley.

Supondo que o acordo seja fechado, analistas e investidores ainda estão tentando entender como será a “nova Embraer”. De acordo com a proposta, a empresa brasileira terá uma participação de 20% na joint venture de aeronaves comerciais com a Boeing e manterá suas operações de jatos executivos e de defesa.

A Embraer “é uma empresa significativamente diferente agora”, disse George Ferguson, analista da Bloomberg Intelligence em entrevista. “A venda deixa a Embraer com menos lucro e fluxo de caixa e será um desafio retornar aos níveis anteriores.”

Os analistas do Credit Suisse reiteraram sua classificação outperform às ADRs, prevendo que a empresa se beneficiará da venda cruzada e da alavancagem da Boeing junto aos fornecedores.

“Esperamos que o acordo pendente continue a impulsionar as ações, dada a natureza transformacional da parceria”, disse o Credit Suisse.

Embraer diz que não pode assegurar prazo para conclusão de negociações com Boeing¹

A Embraer disse nesta terça-feira (25) que não pode estimar um prazo para conclusão das negociações envolvendo a parceria com a norte-americana Boeing e disse ser “incabível” relacionar o processo eleitoral à combinação pretendida.

“O objetivo das partes é fechar a operação com a maior brevidade possível. Entretanto, trata-se de processo complexo no qual as partes vêm negociando os contratos que podem concretizar a operação”, disse a Embraer em comunicado ao mercado, ao esclarecer notícia veiculada na imprensa.

O memorando de entendimento entra e Boeing e a Embraer prevê a criação de uma joint venture que assumirá o controle de aviação comercial da empresa brasileira.

Reportagem do jornal Valor Econômico da véspera informou que as empresas tentam fechar o negócio antes de 2019, e que os executivos entendem que todo o processo seria retardado se a finalização ficar para o ano que vem.

O acordo de união dos negócios da Boeing e Embraer para a criação de uma nova empresa na área de aviação comercial, avaliada em US$ 4,75 bilhões, foi anunciado em julho. Pelo memorando, a companhia americana terá 80% de participação e a brasileira, 20% na joint venture. A transação, entretanto, ainda depende do aval dos acionistas – entre os quais está o governo brasileiro – e dos órgãos reguladores do mercado brasileiro e americano.

 

¹Por Reuters

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