Negociação entre Boeing e Embraer está concentrada na área da defesa

Márcio Rodrigues
 

As conversas sobre uma fusão entre Boeing e Embraer continuam concentradas na área de defesa da companhia brasileira, tanto do ponto de vista da soberania do governo do Brasil quanto da sustentabilidade do negócio, apurou o Broadcast. A percepção de fontes próximas ao negócio é de que as discussões têm sido "construtivas" e de que houve evoluções no decorrer das conversas. Não há, contudo, clareza sobre quando um acordo poderia ser alcançado.

Em declarações recentes, o presidente executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, disse que a fabricante de aeronaves norte-americana vê um "excelente encaixe estratégico" em uma possível aquisição da Embraer, mas frisou que a operação não é essencial para o grupo norte-americano.

Trata-se de uma resposta a comentários de que, após o acordo entre Airbus e Bombardier, o negócio com a Embraer seria primordial para a Boeing. O Broadcast apurou que a visão da companhia norte-americana é de que a Embraer tornaria a Boeing "mais competitiva", mas que o negócio deve fazer "sentido" para todos os lados.

As negociações entre Embraer, Boeing e governo continuam ocorrendo no âmbito de um grupo de trabalho que inclui as empresas, Ministério da Defesa, Força Aérea Brasileira, Ministério da Fazenda e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – este último possui uma fatia de 5,4% na Embraer por meio de seu braço de participações, o BNDESPar.

A visão ainda é de que o melhor cenário seria encerrar o processo junto ao governo brasileiro até o início da campanha eleitoral. Depois disso, as negociações ficariam naturalmente mais complicadas.

O Broadcast informou no último dia 14 de março que as negociações em torno do negócio pareciam ter esfriado. Após o governo rejeitar a intenção original da norte-americana de comprar a brasileira, as companhias esboçaram novo modelo para o negócio. Esse desenho teria sido entregue ao governo ainda em fevereiro com a previsão de separação do braço de aviação militar da Embraer, que, dessa forma, não ficaria sob o comando da Boeing.

Desde então, a intervenção federal no Rio de Janeiro, a consequente troca no comando do Ministério da Defesa com a chegada de um novo ministro militar e a recente disputa comercial em torno do aço parecem ter afastado o desfecho das conversas. Inicialmente, a troca na Defesa tirou das negociações o principal interlocutor das companhias com o governo – o ministro Raul Jungmann. O general Joaquim Silva e Luna é atualmente o ministro interino e, como outros militares, não demonstra muito entusiasmo com o negócio.

Oficialmente, Embraer e Boeing têm dito que até o momento não há definição acerca da estrutura da combinação de negócios entre as companhias, mas que as conversas prosseguem.

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