Redes do Conselho Mundial de Igrejas promovem “intervenção humanitária” no Brasil

 

Resenha Estratégica
Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa)

Os últimos dias presenciaram bizarras manifestações de personalidades brasileiras em favor de uma intervenção estrangeira no País, para “salvação da humanidade” das ações do presidente Jair Bolsonaro. Tais iniciativas não são motivadas por um jogo político interno próprio de uma luta legitima pelo poder. Em realidade, tratam-se de redes políticas, sociais e religiosas vinculadas de diversas maneiras ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI), organização criada pela oligarquia anglo-americana e seus aliados europeus para fomentar um pseudoecumenismo contra a soberania dos Estados nacionais.

Como os editores deste Alerta têm comentado nos livros Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do Governo Mundial e Quem Manipula os povos indígenas contra o desenvolvimento do Brasil: um olhar nos porões do Conselho Mundial de Igrejas, o CMI, oficialmente fundado em 1948 e sediado em Genebra, Suíça, é a entidade de maior hierarquia na cadeia de controle do aparato ambientalista-indigenista internacional, que há mais de três décadas tem se empenhado em limitar a soberania brasileira, em especial, na Região Amazônica. Entre outras ONGs “nacionais”, o CMI foi instrumental na criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e do Instituto Socioambiental (ISA).
 
Ademais, o CMI foi o principal promotor do Sínodo da Pan-Amazônia de 2019, em estreita cooperação com a Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, presidida desde 1998 pelo bispo argentino Marcelo Sanchez Sorondo, responsável pela criação de um autêntico enclave do CMI na Santa Sé.

A agenda do CMI inclui também o fomento da chamada Teologia da Libertação, da qual foi um dos mentores, além de causas de cunho humanitário e social – direitos humanos, políticas identitárias, indigenismo, ambientalismo etc. – como aríetes contra os Estados nacionais soberanos, função precípua para a qual foi idealizado e criado pela oligarquia anglo-americana. E outra de suas façanhas foi a divulgação de uma “versão midiática” das resoluções do Concílio Vaticano II de 1965, distorcendo totalmente as resoluções dos padres conciliares, para encaixá-las melhor nas suas pautas.

Agora, aos fatos. No sábado 6 de março, o ex-frei Leonardo Boff escreveu em sua conta no Twitter: “PENSANDO NO PIOR: Caso se constatar que o vírus amazônico que invadiu todo o país e já chegou nos USA e se mostrar tão letal que as atuais vacinas serão ineficáveis (sic) poderemos impedir a ocupação do BR por uma força internacional de salvação da humanidade e a destituição do homem (maiúsculas no original)?”

No mesmo dia, começou a circular um quase inacreditável “Manifesto vida acima de tudo: carta aberta à humanidade”, investindo contra o “genocida Jair Bolsonaro, que ocupa a presidência do Brasil junto a uma gangue de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista”. O texto afirma, em parte:

O Brasil hoje sofre com o intencional colapso do sistema de saúde. O descaso com a vacinação e com as medidas básicas de prevenção, o estímulo à aglomeração e à quebra do confinamento, aliados à total ausência de uma política sanitária, criam o ambiente ideal para novas mutações do vírus e colocam em risco os países vizinhos e toda a humanidade. Assistimos horrorizados ao extermínio sistemático de nossa população, sobretudo dos pobres, quilombolas e indígenas.


O monstruoso governo genocida de Bolsonaro deixou de ser apenas uma ameaça para o Brasil para se tornar uma ameaça global.

Apelamos às instâncias nacionais – STF, OAB, Congresso Nacional, CNBB – e às Nações Unidas. Pedimos urgência ao Tribunal Penal Internacional (TPI) na condenação da política genocida desse governo que ameaça a civilização.

Uma versão em francês inclui um parágrafo ainda mais insultuoso, omitido no original em português: “Nous sommes devenues une ‘chambre à gaz’ au ciel ouvert (Nós nos tornamos uma “câmara de gás” a céu aberto) (IHU Unisinos, 08/03/2021).”

O texto acintoso e ultrajante é assinado por Boff e uma pletora de celebridades políticas, artísticas, acadêmicas, intelectuais e outras, entre elas a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-chanceler Celso Amorim, os ex-ministros da Justiça José Carlos Dias, José Gregori e Milton Seligman e o ex-ministro da Educação José Janine Ribeiro. Pelas posições que já ocuparam, estes últimos deveriam demonstrar uma atitude mais adulta sobre o conceito de soberania e dignidade das nações, em lugar de pensar e agir como cipaios a serviço das nações hegemônicas do Hemisfério Norte, às quais o manifesto é obviamente direcionado.

No final de janeiro, um grande grupo de lideranças religiosas organizado pelas mesmas redes brasileiras do CMI apresentou à Câmara dos Deputados um pedido de impeachment de Bolsonaro, usando argumentos semelhantes e abusando da expressão “genocídio” (Câmara dos Deputados, 26/01/2021).

Apesar de, alegadamente, ter sido escrito a várias mãos, o texto tem as digitais de Boff como seu principal inspirador e redator.

Boff tem antigos vínculos com o CMI. Em um manifesto publicado em 2000, em resposta ao documento Dominus Iesus (Senhor Jesus) da Congregação da Doutrina da Fé do Vaticano, ele sentenciou:
 

Se o Vaticano insistir na sua posição, excluindo todas as outras [sc. igrejas], o ecumenismo entre os cristãos passará antes via Genebra do que via Roma, isto é, pela sede do Conselho Mundial de Igrejas. Pois é em Genebra que podemos perceber algo da herança de Jesus, que é aberta para a dimensão do Espírito que preenche a face da terra e aquece os corações dos povos e dos seres humanos. O ecumenismo precisa basear-se no Evangelho e não na Igreja (Estudos Teológicos, vol. 46, no. 1, 2006).

 
Em síntese, o que vemos são novas manifestações da “grife CMI”, que tem no Brasil uma das suas passarelas favoritas.

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