O Exterminador entra em ação

O mais impressionante foi ver a capacidade de marcha dos tanques T-80 e T-90, batizados de “voadores”. Como já é tradição, no Salão de Nijni Taguil, esses blindados saltaram de um trampolim, voando pelo ar mais de dez metros e disparando em voo (projéteis simulados).Foto: Rossiyskaya Gazeta Tatiana Andréeva

O evento se realiza de dois em dois anos no território de um imenso polígono do Instituo de Testes de Metais de Nijni Taguil (NTIIM, na sigla em russo). Além de metais são testados na instituição carros de combate, sistemas de lança-foguetes e armas de alta precisão.

A exposição proporciona uma rara oportunidade de ver e avaliar o potencial combativo da artilharia e da cavalaria blindada e o arsenal de mísseis do Exército russo.

Os dois primeiros dias do evento foram reservados aos especialistas e no sábado e domingo a exposição foi aberta à visitação pública.

O traço marcante dos salões de armas realizados sob os auspícios da REA é o de que o polígono de Nijni Taguil permite executar seguramente, na frente de um grande número de espectadores, tiros com balas de verdade com os mais diversos tipos de armas. Nas demonstrações, podem acontecer verdadeiras batalhas, que são seguidas pelos espectadores em grandes telas de televisão que transmitem imagens captadas no “campo de batalha” por aviões sem tripulação.

Na edição deste ano, a REA foi visitada por muitos especialistas estrangeiros,  especialmente adidos das Forças Armadas de vários países, e tem a participação de 20 empresas expositoras de vários países, entre os quais a Itália, França e Suécia, que apresentaram 1102 protótipos de produtos bélicos, incluindo 213 peças em tamanho natural.

A maior atração do stand russo foi uma versão atualizada do tanque T-90C e uma viatura blindada de apoio de fogo batizada de “Exterminador”. Os expositores russos apresentaram também versões de exportação do sistema lança-mísseis antiaéreo Buk-M2E e do sistema lançador de mísseis e projéteis Tunguska-M1.

 

No segmento do Exército, ao contrário da Força Aérea, não há novidades. Em todos os salões de Nijni Taguil, bem como em Moscou e Omsk, são expostos, pela segunda década consecutiva, os mesmos armamentos: os tanques T-72, T-90 e T-80, os sistemas de lança-foguetes em salva Grad e Smerch, os mísseis guiados Kornet, os lança-granadas e lança-chamas Shmel e outros armamentos que já não eram novidade na época da URSS.

A Rússia tem, de fato, atividades paradas em termos de pesquisa e desenvolvimento de novos armamentos e equipamento de guerra para o Exército. Uma das razões é a de que os militares, os principais clientes da indústria de guerra nacional, não podem decidir sobre o tipo de armas de que precisam. Não há demanda, não há oferta e não há dinheiro. A inatividade de uma enorme e caríssima infraestrutura destinada a satisfazer as necessidades do Exército em armamentos custa muito caro ao país, mas, mesmo assim, muitas das empresas da indústria de guerra permanecem ociosas por vários anos.

Os departamentos do ministério da Defesa, responsáveis por contratos de aquisição de armamentos, sofrem com a falta de profissionais competentes, capazes de identificar as necessidades do setor em material de guerra para o futuro. Por exemplo, de que tipo de veículo blindado de transporte de pessoal os militares precisam? Não sabem dizer. Nessas circunstâncias, é mais fácil não refletir muito em busca de soluções para os problemas existentes e comprar aquilo que já foi testado nos países da OTAN.

Não é mais segredo que o contrato de aquisição de equipamento de guerra para o próximo ano não será cumprido. Os recursos financeiros disponibilizados para o setor de defesa somam vários bilhões de rublos, mas ainda não chegaram a muitas das empresas contratadas. Em pior situação estão as empresas que constroem o material de guerra para o exército.

O Salão de Armas de Nijni Taguil pode ser considerado o espaço ideal para negociações construtivas entre a indústria de guerra e o ministério da Defesa sobre a situação em termos de contratos de compra de armas. Mas terão os produtores de armas a coragem de chamar, de forma mais resoluta, a atenção do ministério da Defesa para seus problemas mais prementes? Ninguém sabe ao certo, mas se isso não ocorrer, todas as críticas e discussões nos bastidores não terão nenhum efeito. No salão em Nijni Taguil, toda a indignação e críticas acabaram se transformando em um desfile festivo e um show colorido. Razões para boa disposição nos dias da REA 2011 são mais que suficientes.

O ano em curso e o corrente mês de setembro são ricos em datas redondas relacionadas com a cavalaria blindada. Há 95 anos, em 15 de setembro de 1916, o primeiro carro de combate blindado foi posto em ação no campo de batalha: era um carro britânico Mark I. No entanto, os melhores tanques no século XX foram construídos na Rússia. Os símbolos reconhecidos da vitória na Segunda Guerra Mundial são, na Europa, os tanques soviéticos T-34 e IS-2, e não os blindados americanos ou britânicos. O tanque mais produzido em larga escala na segunda metade do século XX foi o blindado russo T-72. Não admira, portanto, que, na União Soviética, tenha sido instituído, 65 anos atrás, o Dia do Tanquista.

Entre 1946 e 1980, o feriado era comemorado em 11 de setembro, passando, posteriormente, a acontecer no segundo domingo de setembro. Por fim, há exatamente 80 anos, foi lançada a pedra fundamental da usina Uralvagonzavod, que entrou em funcionamento em 1936, há 75 anos, e começou a lançar carros de combate em 1941, há 70 anos, tornando-se, com o tempo, a maior fábrica de tanques do mundo.

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