Discurso da ABIMDE na Solenidade de Fomento à Indústria de defesa

Discurso do Presidente da ABIMDE – Associação Brasileiras das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança Sr Orlando Neto.

Palácio do Planalto, 29 de setembro de 2011.

Excelentíssima senhora presidenta da República, Dilma Rousseff,
Excelentíssimo Ministro de Estado da Defesa, Celso Amorim,
Excelentíssimos senhores ministros de Estado,
Excelentíssimos senhores senadores,
Excelentíssimos senhores deputados,
Excelentíssimo senhor comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto,
Excelentíssimo senhor comandante do Exército, general Enzo Martins Peri,
Excelentíssimo senhor comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito,
Excelentíssimos senhores oficiais-generais do alto comando das Forças Armadas,
Excelentíssimos senhores ministros… senhor Presidente do Superior Tribunal Militar e seus ministros,
Excelentíssimos senhores secretários do Ministério da Defesa,
Demais autoridades presentes, Representantes da Indústria,

Senhoras e senhores,

Hoje é um dia muito especial para um setor industrial de suma importância para o país, a base industrial de Defesa do Brasil, representada neste momento pela ABIMDE – Associação Brasileiras das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança, associação a qual represento hoje com muito orgulho no papel de seu presidente. A ABIMDE congrega, atualmente, mais de 144 empresas associadas e pertencentes à base industrial, logística, científica e tecnológica do setor de Defesa e Segurança, e tem atuação destacada nas esferas das indústrias e dos órgãos governamentais. Tem, a cada dia que passa, fortalecido o seu papel de interlocutor do Ministério da Defesa nos desdobramentos da Estratégia Nacional de Defesa para a Base Industrial por ela representada.

Presenciamos nesta data o anúncio de Medidas de Fomento à Indústria Nacional de Defesa que há muito tempo o empresariado nacional do setor aguardava e ansiava para ver fortalecido e mais rapidamente próspero o segmento de Defesa, tão estratégico que é para o país em termos de geração de inovação e tecnologia de ponta e empregos de alta qualificação, e tão fundamental que é para garantir a soberania e a autonomia das nossas forças armadas.

Queremos crer que essas Medidas serão de suma importância porque trarão consigo definições fundamentais sobre o significado de produtos de defesa, de produtos estratégicos de defesa, bem como o de empresa estratégica de defesa.  O produto estratégico de defesa é indutor de desenvolvimento, e temos diversos casos de sucesso em nossa indústria que comprova a forte correlação entre defesa e desenvolvimento. Tecnologias de aplicação dual também são frutos desse investimento em pesquisa e desenvolvimento em defesa, permitindo que novas riquezas possam ser concebidas e utilizadas a partir do que foi feito originalmente para atender o mercado de defesa. E é justamente tecnologia com capacitação nacional própria que vai promover a autonomia e a independência do país e, como consequência, viabilizar a conquista de exportações.

Podemos notar que a intensidade tecnológica das exportações de nosso país está em relativo declínio ao longo dos últimos anos. A indústria aeronáutica nacional, onde entram setores equivalentes como o aeroespacial e o de defesa, é a única no campo de alta tecnologia a apresentar saldo comercial positivo na balança comercial brasileira. Portanto, a Base Industrial de Defesa é uma alternativa real e imediata para ajudar o país a reverter este quadro.

A Empresa Estratégica de Defesa deve ser, em sua essência, uma empresa brasileira de fato e de direito. Controlada e liderada por brasileiros. Estabelecida e operando no nosso país, com as competências necessárias para inovar, desenvolver soluções próprias e assegurar que o domínio de tecnologias sensíveis esteja em mãos e cérebros brasileiros. E é este conjunto de empresas que deve, efetivamente, estar à frente e na liderança das aquisições estratégicas de Defesa, pois irá assegurar o completo domínio, desenvolvimento e absorção de tecnologias fundamentais para garantir a nossa independência, para gerar e manter empregos de alta capacitação e para ajudar a perpetuar o ciclo virtuoso da inovação.

O que presenciamos hoje é o início de uma retomada. A Base Industrial de Defesa nunca pleiteou por privilégios ou clamou pela ajuda do Governo neste sentido; ao contrário, sempre batalhou para que houvesse igualdade de oportunidades e de competição. Temos continuadamente endereçado estes assuntos, incluindo-se nisto o importante passo que hoje presenciamos, agrupando-os em 4 áreas temáticas – “mercado interno”, “mercado externo”, “tributação”, “financiamento da defesa”, “recursos humanos”, “ciência, tecnologia e inovação”, “cadeia produtiva”, “salvaguardas”, “logística e mobilização”. Acreditamos que devamos conjuntamente evoluir a aprofundar estes temas, pois eles representarão condições de base importantes para assegurar a pujança da indústria de defesa brasileira.

Se me permitem um exemplo: podemos ter uma indústria brasileira de defesa fortemente exportadora, em consonância e alinhada à geopolítica brasileira. Temos a ambição de vir a gerar anualmente mais de US$ 10 bilhões em negócios de alto valor agregado. As associadas da ABIMDE, que hoje já aplicam em pesquisa e inovação percentual de suas receitas consideravelmente mais elevado do que os demais segmentos industriais, passarão a investir maciças doses de educação e pesquisa pré-competitiva para assegurar sua prontidão tecnológica. Para tanto, devemos perseguir, em conjunto com nossos clientes, visão de longo prazo e planejamento pelo ciclo de vida dos produtos.

Além disso, teremos, nesse futuro cenário, um Brasil diferente que sairá da atual posição de nação receptora de compensações comerciais por suas aquisições de defesa, e se colocará diante do mundo como um país “pagador de offset”. O tratamento integrado e sistêmico das compensações comerciais, a ampliação de acordos de defesa, e o fortalecimento da promoção comercial e das redes de relacionamento passarão a constar como grandes prioridades, a serem, novamente, endereçadas em conjunto pela indústria e os órgãos afins do nosso Governo.

Estamos hoje reunidos para celebrar e reconhecer que o primeiro e mais importante dos passos foi dado. Com as medidas de fomento aqui promulgadas, que segundo nosso entendimento se encaixam naquilo que apelidamos em nossa indústria de “Compre Brasil”, nossos empresários passam a ter melhores condições de lutar de igual pra igual no mercado, fazerem seus negócios e os empregos crescerem, gerarem produtos inovadores e de alta qualidade sob domínio tecnológico nacional, e buscarem incessantemente a satisfação dos clientes e suplantação de suas expectativas. Do Brasil para o Brasil e para o mundo, feito por brasileiros, e adequadamente contextualizado no conjunto das parcerias internacionais.

Muito obrigado!

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