Evangélicos nos EUA, preocupados com a radicalização de fiéis

Representantes de igrejas evangélicas condenaram nesta quarta-feira (24) a crescente "radicalização" de alguns cristãos nos Estados Unidos, uma tendência que ficou evidente no ataque de 6 de janeiro ao Capitólio, em Washington.

Mais de uma centena de líderes religiosos divulgaram uma carta aberta na qual "reconhecem e condenam o papel do nacionalismo cristão na violenta insurreição racista e anti-americana" de 6 de janeiro.

Vários invasores do Capitólio alegaram ter agido em nome de Cristo e até fizeram uma pregação pública durante a ocupação do prédio.

Os cristãos evangélicos brancos são uma parte importante do eleitorado de Donald Trump, que os atraiu com a promessa de nomear juízes conservadores para a Suprema Corte para anular a decisão de 1973, que autorizava o aborto.

Três em cada cinco cristãos evangélicos brancos estão convencidos de que o presidente Joe Biden não ganhou legitimamente a eleição de novembro contra Trump, segundo uma pesquisa recente.

"Reconhecemos que o evangelismo, e o evangelismo branco em particular, foi exposto à heresia do nacionalismo cristão devido a uma longa tradição de diretores da fé que se somaram à tese da supremacia branca", disseram os religiosos em sua carta.

"Não queremos ser cúmplices silenciosos desse pecado", acrescentaram.

É "urgente" denunciar "esta violenta mutação de nossa fé", como fizeram "muitos líderes muçulmanos que sentiram a necessidade de denunciar as versões violentas e desviantes de sua fé", anunciaram.

Na carta, os religiosos denunciaram "ações violentas de extremistas que usam o nome de Cristo" e citaram como exemplo o ocorrido em 2017, em Charlottesville, onde uma manifestação da extrema direita deu origem a um confronto com contra-manifestantes antirracistas. Uma mulher foi atropelada.

"Apelamos aos pastores, ministros e padres para declarar claramente que o compromisso com Jesus Cristo é incompatível com apelos à violência, o apoio a um nacionalismo cristão branco, teorias da conspiração e toda discriminação racial ou religiosa", ressalta a carta.

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