FBI investiga hackers chineses

Autoridades americanas investigam o envolvimento de hackers contratados pelo governo chinês na invasão da rede do Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS), segundo o jornal The Washington Post.

A polícia federal do país (FBI) lidera as apurações sobre o incidente, que teria afetado os dados de mais de 800 mil funcionários da companhia, além do banco de dados da central de atendimento ao consumidor. Embora a invasão tenha sido descoberta em meados de setembro e reportada pelo USPS a membros do Congresso, em sessões sigilosas, o caso foi revelado ontem.

A notícia coincidiu com a presença do presidente Barack Obama em Pequim, onde participa da reuniãi de cúpula sobe Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), e com a emissão de um comunicado da Casa Branca em defesa da “neutralidade” da internet.

Informações sobre a identidade de funcionários — como nomes, endereços e números de seguro social — foram acessadas pelos hackers. O USPS descartou que dados de cartões de crédito dos clientes do serviço tenham sido violados, mas admitiu que o banco de dados da central de atendimento foi “comprometido”. “A privacidade e a segurança dos dados que nos foram confiados é de extrema importância. Implementamos recentemente medidas de segurança adicionais”, relatou o porta-voz David Partenheimer.

O USPS não apontou oficialmente o envolvimento de hackers chineses, mas informações obtidas pelo Post indicam que as autoridades suspeitam do envolvimento de técnicos contratados por Pequim. Nos últimos anos, a segurança cibernética tornou-se um dos principais temas da agenda bilateral EUA-China.

Apesar das diferenças entre as duas potências, Obama ressaltou a importância da parceria. “À medida que (a China) cresce, queremos que seja um parceiro que apoie a ordem internacional, não que a mine”, destacou.

O presidente anunciou um acordo sobre ampliação dos vistos para cidadãos chineses que viajam aos EUA, mas fez um apelo em favor dos direitos humanos e da liberdade de imprensa. Ele considerou os protestos pró-democracia em Hong Kong uma “questão complexa” e pediu que a violência seja evitada.

Neutralidade

O possível novo impasse entre as duas potências em torno da cibersegurança veio a público no dia em que a Casa Branca emitiu comunicado solicitando novas normas à Comissão Federal de Comunicações (FCC), organismo independente que regula as telecomunicações nos EUA. Obama defendeu uma política que propicie a “neutralidade da rede” e impeça acordos pelos quais provedores de conteúdo paguem grandes somas aos operadores de cabo em troca de uma conexão mais rápida para os próprios clientes — deixando mais lento o conteúdo de outros sites.

Para Obama, o acesso à internet de alta velocidade deveria operar de forma neutra, como ocorre com as companhias de telefonia e eletricidade. “Não podemos permitir aos provedores que limitem o melhor acesso ou que elejam os ganhadores e perdedores no mercado on-line para serviços e ideias”, afirmou.

Frente a frente

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e o presidente chinês, Xi Jinping, reuniram-se ontem pela primeira vez em três anos, à margem da cúpula da Apec, em Pequim. O encontro, acertado após um período de atritos entre as duas potências asiáticas, que disputam a soberania de um grupo de ilhas no Mar do Leste da China, marcou a retomada do diálogo bilateral de alto nível. “Muitos países esperavam por essa reunião entre Japão e China. Penso que demos um primeiro passo para melhorar as relações”, declarou Abe ao fim da reunião.

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