Guardião Cibernético 7.0: como Belém se tornou um Hub Estratégico de Defesa Cibernética para a COP 30

Cel Lombelo

A menos de dois meses para sediar a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), Belém se posiciona não apenas como o centro das discussões ambientais globais, mas também como um palco estratégico para a segurança digital do Brasil.

Entre os dias 15 e 19 de setembro de 2025, a capital paraense foi um dos dois centros operacionais do Exercício Guardião Cibernético 7.0 (EGC 7.0), o maior treinamento de defesa cibernética do Hemisfério Sul. Sob a condução do Ministério da Defesa e coordenação do Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), o Exercício representa um marco na proteção das infraestruturas críticas do País, com um objetivo claro: preparar e blindar as redes e sistemas que darão suporte a um dos eventos mais importantes da história da Amazônia.

  1. O que é o Exercício Guardião Cibernético (EGC)?

O EGC é uma complexa operação que utiliza simulações construtivas e virtuais para testar e aprimorar a capacidade de resposta do Brasil a incidentes cibernéticos. O Exercício promove a atuação colaborativa entre as Forças Armadas, órgãos governamentais, o setor privado e a academia, criando um ambiente realista onde os participantes enfrentam ataques simulados contra setores essenciais como energia, finanças, comunicações e defesa.

Desde sua primeira edição em 2018, o evento cresceu exponencialmente em escala e complexidade. Em sua sétima edição, o treinamento reuniu 169 organizações e mais de 750 participantes, consolidando a posição do Brasil como uma referência internacional em ciberdefesa.

  1. Alinhamento com a Estratégia Nacional de Cibersegurança

A realização do Guardião Cibernético está diretamente alinhada com a Estratégia Nacional de Cibersegurança, instituída pelo Decreto nº 12.573, de 4 de agosto de 2025. O Exercício materializa os objetivos da estratégia, especialmente no que se refere ao eixo de “segurança e resiliência dos serviços essenciais e das infraestruturas críticas”.

O EGC cumpre a diretriz de incentivar exercícios e simulações regulares para aprimorar a resiliência nacional. Organizado anualmente pelo Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) desde 2018, o treinamento é uma ferramenta central do Plano Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas. Por meio dele, o ComDCiber atua como um comando operacional interagências, promovendo a cooperação entre as Forças Armadas e os setores estratégicos da Nação — como águas, energia, transporte, comunicações e finanças — para fortalecer a proteção do espaço cibernético brasileiro.

  1. Hub Belém: um Escudo Digital para a COP 30

A escolha de Belém para sediar um hub do EGC 7.0, com atividades concentradas no Quartel-General Integrado (QGI), foi uma decisão estratégica e diretamente ligada à COP 30. Um evento de magnitude global atrai não apenas líderes e delegados, mas também a atenção de atores mal-intencionados no ciberespaço. Ataques podem variar desde tentativas de interrupção de serviços essenciais (como energia e internet) até espionagem e roubo de dados sensíveis.

Resultados tangíveis e intangíveis do EGC Hub Belém

A operação do Hub Belém no EGC 7.0 produziu resultados concretos e um legado estratégico para a segurança da COP 30 e da região. Com a participação focada de 16 organizações e 41 especialistas diretamente envolvidos na infraestrutura crítica local, os avanços foram significativos.

Resultados tangíveis

  1. Capacitação de Pessoal-chave: O treinamento prático dos 41 participantes resultou em equipes locais mais preparadas para identificar, reagir e mitigar incidentes cibernéticos em tempo real.
  2. Validação de Planos de Contingência: Os planos de continuidade de serviços essenciais, como energia, água e telecomunicações, foram testados contra-ataques simulados, permitindo a identificação de lacunas e a implementação de melhorias imediatas.

Mapeamento de Vulnerabilidades: A infraestrutura tecnológica que apoiará a COP 30 foi rigorosamente examinada, permitindo o mapeamento de vulnerabilidades específicas que foram corrigidas ou mitigadas, fortalecendo a segurança do evento.

Integração de Gabinetes de Crise: O exercício forçou a integração entre os centros de decisão das 16 organizações participantes, desde o nível técnico até a alta administração. Essa sincronia é vital para uma resposta coordenada durante uma crise real.

Resultados intangíveis

  1. Cultura de Colaboração em Segurança: O EGC Hub Belém fortaleceu os laços de confiança e os canais de comunicação entre entidades governamentais (federais, estaduais e municipais) e o setor privado, criando um ecossistema de segurança colaborativo.
  2. Aumento da Resiliência Psicológica e Organizacional: As simulações de crise preparam os líderes e técnicos para atuar sob pressão, reduzindo o tempo de resposta e a possibilidade de erros em um incidente real.
  3. Percepção de Segurança e Confiança: A realização de um exercício de defesa cibernética deste porte em Belém aumenta a confiança de organizadores, delegações internacionais e do público na capacidade do Brasil de sediar um evento seguro.
  4. Soberania Digital para a Amazônia: A capacitação e a infraestrutura fortalecida representam um legado de soberania digital, crucial para a proteção de futuros projetos de bioeconomia e de recursos estratégicos na Amazônia, como os ativos da Margem Equatorial.

4. Do escudo da COP 30 à blindagem da soberania nacional: o legado permanente na Amazônia e no Atlântico

Muito além de proteger um evento, o Guardião Cibernético 7.0 forjou em Belém um legado permanente. A capacitação de especialistas e o fortalecimento da infraestrutura não são defesas temporárias; são as fundações de uma muralha digital definitiva para a Amazônia. Essa nova soberania cibernética é o que protegerá os segredos da bioeconomia e a inovação dos futuros centros de pesquisa.

E essa fortaleza não termina na floresta. A expertise desenvolvida transborda para o oceano, tornando-se diretamente aplicável à proteção de um dos projetos mais estratégicos e sensíveis do País: a exploração energética na Margem Equatorial. Assim, o Guardião Cibernético 7.0 transcende sua missão original. Liderado pelo Ministério da Defesa, ele redefine o papel das Forças Armadas, que agora avançam do domínio físico para o informacional, provando ser uma força moderna pronta para defender os interesses do Brasil em qualquer campo de batalha — seja ele em terra, no ar, no mar ou no ciberespaço.

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