Biden promete ajudar a “reconstruir Gaza” e apoia solução de dois Estados

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu ajudar a organizar os esforços para "reconstruir Gaza" e disse que a criação de um Estado palestino ao lado de Israel é a "única resposta" para o conflito. "Precisamos de uma solução de dois Estados. É a única resposta", declarou o presidente americano durante entrevista coletiva na Casa Branca por ocasião da visita do presidente sul-coreano, Moon Jae-In.

Biden também pediu a Israel que ponha fim às "lutas entre comunidades" em Jerusalém, que estiveram na origem dos confrontos dos últimos dias. "Não há mudança em meu compromisso com a segurança de Israel, ponto final, nenhuma mudança", enfatizou o presidente americano, no entanto, acrescentando que "não haverá paz" até que a região "inequivocamente" reconheça a existência de Israel. “Mas eu digo a vocês que há uma mudança.

A mudança é que ainda precisamos de uma solução de dois Estados. É a única resposta, a única resposta”, insistiu o presidente dos Estados Unidos. A ideia de uma solução de dois Estados, com um Estado palestino soberano ao lado de Israel e Jerusalém como capital compartilhada, tem sido a pedra angular de décadas de diplomacia internacional com o objetivo de encerrar o violento conflito na região.

Mas a política americana sob o governo de Donald Trump foi criticada por ser abertamente pró-Israel e ignorar os palestinos. Um plano de paz no Oriente Médio elaborado pelo conselheiro e genro de Trump, Jared Kushner, foi anunciado como uma solução de dois Estados. O plano, porém, previa um Estado palestino com soberania limitada e cuja segurança estava nas mãos de Israel.

A proposta foi categoricamente rejeitada pelos líderes palestinos.

EUA quer evitar que reconstrução de Gaza beneficie o Hamas¹

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou nesta terça-feira (25) que o governo dos Estados Unidos deseja garantir que a ajuda internacional para reconstruir a Faixa de Gaza, que sofreu importantes danos materiais após 11 dias de confrontos com Israel, não beneficie o governante movimento islamita Hamas.

Durante o primeiro dia de sua visita ao Oriente Médio que pretende consolidar a trégua entre Hamas e Israel, Blinken afirmou que ainda "há muito trabalho" por fazer para "restaurar" a confiança entre israelenses e palestinos.

"Trabalharemos estreitamente com nossos parceiros, com todos, para garantir que o Hamas não se beneficie da ajuda à reconstrução", afirmou Blinken após uma reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém.

Diante do chefe da diplomacia americana, que reiterou "o direito de defesa de Israel", Netanyahu advertiu que a resposta do Estado hebreu será "muito potente", caso o Hamas viole o cessar-fogo, anunciado na sexta-feira.

O secretário de Estado americano anunciará durante a visita uma ajuda de Washington para a reconstrução de Gaza e também tem uma reunião programada com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, antes de prosseguir a viagem pelo Egito e a Jordânia, dois atores regionais importantes.

Pouco depois do cessar-fogo, o governo dos Estados Unidos expressou apoio à "solução de dois Estados", israelense e palestino, respaldada pela comunidade internacional, mas que a administração anterior de Donald Trump afastou de sua agenda.

Mas os últimos comunicados do Departamento de Estado e da Casa Branca não mencionaram a solução de dois Estados.

"Nossa prioridade é, antes que mais nada, conseguir que o cessar-fogo continue", disse uma fonte do governo americano antes da viagem de Blinken.

A fonte considerou "prematuro" qualquer plano mais ambicioso.

Apesar dos intensos esforços diplomáticos, as tensões persistem entre israelenses e palestinos.

As forças de Israel mataram nesta terça-feira um palestino na Cisjordânia, informaram fontes das forças de segurança israelenses e palestinas.

Na segunda-feira, as forças do Estado hebreu mataram um palestino de 17 anos, autor de um ataque com faca que deixou dois feridos em Jerusalém Oriental, perto do bairro palestino de Sheikh Jarrah.

Tensões persistentes

As tensões na área de Jerusalém Oriental, a parte palestina da Cidade Sagrada ocupada e anexada por Israel, foram a faísca que provocou o novo conflito violento entre Israel e Hamas.

Milhares de pessoas protestaram em Jerusalém Oriental para apoiar as famílias palestinas deste bairro ameaçadas de expulsão de suas casas, em benefício de colonos israelenses.

As tensões entre palestinos e as forças israelenses também afetaram a Esplanada das Mesquitas, terceiro local sagrado do islã. Em 10 de maio começaram os confrontos entre Hamas e Israel, que duraram 11 dias e terminaram com 253 palestinos mortos em Gaza, incluindo 66 menores de idade.

Em Israel, os lançamentos de foguetes a partir de Gaza deixaram 12 mortos, incluindo uma criança, uma adolescente e um soldado.

Egito, mediador

Mediador tradicional entre palestinos e israelenses, o Egito tenta consolidar o cessar-fogo, que não detalha nenhuma condição para o fim da violência nem estabelece qualquer plano para a reconstrução da Faixa de Gaza.

Uma delegação egípcia está no território palestino para negociar com o Hamas, organização que Estados Unidos e União Europeia consideram "terrorista". O chefe da diplomacia egípcia, Sameh Shoukry, foi recebido na segunda-feira em Ramallah por Abbas.

Israel, que impõe um bloqueio terrestre e marítimo ao território palestino há quase 15 anos, acusa o Hamas de ter desviado a ajuda internacional para fins militares e afirmou que deseja um "mecanismo" internacional para evitar a repetição do cenário.

O presidente americano, Joe Biden, afirmou na semana passada que estava trabalhando com a ONU para enviar ajuda humanitária para reconstruir Gaza, mas sem dar ao Hamas a "oportunidade de reconstruir seu sistema de armamento".

Na segunda-feira, ele conversou com o colega egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, sobre os "esforços internacionais para reconstruir Gaza e proporcionar ajuda humanitária de urgência" de acordo com fontes do Cairo.

Israel também anunciou a reabertura a partir desta terça-feira da passagem de Kerem Shalom, uma área utilizada para mercadorias e que permitirá a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

 

Tensão e violência entre israelenses e palestinos a poucas horas da chegada do chanceler dos EUA¹

A tensão era flagrante nesta segunda-feira (24) em Jerusalém e na Cisjordânia, onde vários palestinos foram presos e houve um ataque a faca contra israelenses, horas antes da chegada do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, que deseja consolidar o cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, chega à região nesta terça-feira. Ele se encontrará com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, quatro dias após a trégua entrar em vigor no enclave palestino.

Sua viagem também incluirá o Egito, mediador desse cessar-fogo, e a Jordânia, dois atores regionais importantes. O objetivo é "apoiar os esforços para consolidar o cessar-fogo", afirmou Blinken no Twitter nesta segunda.

Em nota, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que seu enviado irá tratar do "apoio inabalável [dos EUA] à segurança de Israel" e continuará "com os esforços para renovar as relações com os palestinos".

Mas apesar dos avanços diplomáticos, no território, as tensões persistem. Nesta segunda, um palestino de 17 anos feriu duas pessoas com uma faca, uma delas um soldado israelense, em Jerusalém. O agressor foi morto pelas forças de segurança israelenses.

O ataque ocorreu próximo a Sheikh Jarrah, um bairro palestino de Jerusalém Oriental, ocupado e posteriormente anexado por Israel, onde estouraram os conflitos que mais tarde levaram ao confronto sangrento entre Israel e o Hamas em Gaza no final de abril.

Ajuda

Milhares de pessoas protestaram em Jerusalém Oriental em apoio às famílias palestinas de Sheikh Jarrah ameaçadas de despejo em benefício de colonos israelenses. As tensões entre os palestinos e a polícia israelense se espalharam pela Esplanada das Mesquitas, lugar sagrado para os muçulmanos.

A partir de 10 de maio, acabaram causando os bombardeios israelenses contra Gaza, onde morreram 252 palestinos, 66 deles crianças, segundo autoridades locais. Nesta segunda, o braço armado do movimento islâmico Hamas, que governa Gaza, disse ter encontrado os corpos de quatro de seus combatentes em um túnel.

Em Israel, disparos de foguetes por Gaza mataram 12 pessoas, de acordo com a polícia.

Embora uma trégua frágil tenha sido estabelecida em Gaza, na Cisjordânia a tensão permanece. O exército israelense realizou inúmeras incursões e prendeu 43 pessoas, segundo uma organização palestina que lida com prisioneiros.

A polícia israelense afirma ter detido 1.550 palestinos nas últimas duas semanas.

O Egito continua a mediar para que este cessar-fogo seja mantido e uma delegação do Cairo está na Faixa para negociar com o Hamas. Além disso, o chefe da diplomacia egípcia, Sameh Shukry, será recebido pelo presidente palestino na terça-feira em Ramallah.

Israel, que impõe a Gaza um bloqueio severo há 15 anos, acusa o Hamas de desviar ajuda internacional para fins militares. Por isso, o governo pediu nesta segunda um "mecanismo" internacional que faça com que a assistência beneficie diretamente a população de Gaza, sem passar pelo movimento islâmico.

No sábado, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou sua intenção de dedicar uma ajuda financeira significativa para "reconstruir Gaza", mas sem dar ao Hamas "a oportunidade de recuperar seu sistema de armas".

Enquanto isso, em Gaza, a ajuda humanitária começa a chegar, mas é muito pequena em comparação com as necessidades e o nível de destruição causado pela última ofensiva.

De acordo com a ONU, pelo menos 6 mil pessoas perderam suas casas e mais de 800 mil não têm acesso a água potável na Faixa de Gaza.

¹com AFP
 

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