A conquista espacial da China, uma “Longa Marcha”

A China lançou nesta quinta-feira (29) o primeiro dos três elementos de sua futura estação espacial, a "CSS", um novo passo na conquista espacial iniciada há 60 anos por Mao Tsé-Tung. A montagem da estação se dará ao longo de dez missões e terminará no final de 2022.

A China investe bilhões de dólares em seu programa espacial, tentando alcançar a Europa, os Estados Unidos e a Rússia. Entre seus projetos mais ambiciosos está colocar um veículo robótico controlado remotamente em Marte no próximo ano, construir uma grande estação espacial até 2022 e enviar chineses à Lua em 2030.

Estas são as principais etapas da conquista espacial chinesa:

Chamado de Mao

Em 1957, a União Soviética colocou em órbita terrestre o primeiro satélite feito pelo homem, o Sputnik. O fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, fez então um apelo aos seus cidadãos: "Nós também fabricaremos satélites!"

A primeira etapa se concretizou em 1970. A China lançou seu primeiro satélite, Dongfanghong-1 ("Oriente Vermelho-1", nome de uma canção à glória de Mao), com a ajuda do foguete "Longa Marcha", nome que lembra a jornada do Exército Vermelho que permitiu ao presidente se estabelecer como líder do Partido Comunista Chinês.

Primeiro homem

Mas demorou até 2003 para que o gigante asiático enviasse o primeiro chinês ao espaço, o astronauta Yang Liwei, que deu a volta à Terra 14 vezes em 21 horas.

Com este voo, a China se tornou o terceiro país, depois da União Soviética e dos Estados Unidos, a enviar um ser humano ao espaço por seus próprios meios. Desde então, realiza regularmente missões espaciais tripuladas.

Módulos e coelho

A China foi deliberadamente descartada da participação na Estação Espacial Internacional (ISS), que começou a operar em 2000 e associa americanos, russos, europeus, japoneses e canadenses.

Por esta razão, decidiu construir a sua própria estação.

Para isso, o país lançou primeiro um pequeno módulo espacial, o Tiangong-1 ("Palácio Celestial 1"), colocado em órbita em setembro de 2011. Foi usado para treinamento de astronautas e experimentos médicos.

Em 2013, a segunda astronauta chinesa no espaço, Wang Yaping, deu uma aula de Física no Tiangong-1 transmitido ao vivo para centenas de milhões de estudantes e espectadores na Terra.

O Tiangong-1 encerrou suas operações em março de 2016. O laboratório era considerado uma fase preliminar na construção de uma estação espacial. Outro marco importante aconteceu em 2013: o pouso do pequeno robô teleguiado "Coelho de Jade", responsável por tirar fotos, por exemplo.

Ele teve problemas técnicos no início, mas foi reativado e explorou a superfície lunar por 31 meses, muito mais do que sua expectativa de vida. Em 2016, a China lançou seu segundo módulo espacial, Tiangong-2. Os astronautas realizaram, entre outras manobras, acoplamentos técnicos.

Lua e GPS chinês

O programa espacial chinês teve um fracasso no verão de 2017 com o lançamento frustrado do Longa Marcha 5, crucial porque permite propulsar as cargas pesadas necessárias para algumas missões.

Este revés levou ao adiamento por três anos da missão Chang'e 5, de exploração da Lua com um robô, que acabou por se realizar em novembro e dezembro de 2020.

Chang'e 5 – Chang'e é a deusa chinesa da Lua – alcançou seu objetivo de trazer à Terra amostras do satélite, o que não acontecia há 40 anos. A China conseguiu um feito em janeiro de 2019: a aterrissagem de um robô controlado remotamente (o "Coelho de Jade 2") no lado oculto da Lua.

O país lançou em junho de 2020 o último satélite que completa seu sistema de navegação Beidou (concorrente do GPS americano). No mês seguinte, enviou a sonda "Tianwen-1", que atualmente está na órbita de Marte.

E espera pousar em maio um robô móvel na superfície do planeta vermelho.

O "sonho do espaço"

Sob o lema "sonho de espaço" do presidente chinês Xi Jinping, o país agora almeja objetivos ainda maiores.

Em 2022, quando a montagem da estação espacial estiver concluída, a China se tornaria o terceiro país a construir uma por conta própria (depois dos Estados Unidos e da URSS).

O gigante asiático planeja enviar astronautas à Lua até 2030 e construir uma base lá em colaboração com a Rússia.

Astronautas e cientistas também falaram sobre o possível envio de chineses ao planeta vermelho em um futuro mais distante.

 

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