Reação da China contra vírus é ‘baseada em ciência’ e em ‘escala fenomenal’, diz missão médica

O trabalho que a China está fazendo para frear o coronavírus superou expectativas e está tendo sucesso, afirmou hoje o chefe da missão internacional que a OMS (Organização Mundial da Saúde) enviou ao país.

— O que vimos lá é uma resposta ágil, em escala fenomenal e baseada em ciência — disse em entrevista coletiva o epidemiologista Bruce Aylward. — Centenas de milhares de pessoas na China deixaram de contrair o coronavírus por causa dessa resposta.

O médico retornou na segunda-feira de uma visita de uma semana ao país, onde o grupo buscou entender melhor a doença para ajudar outros países que já lidam com a epidemia ou podem receber casos.

Segurando a imagem de um gráfico mostrando a desaceleração da epidemia no país, Aylward afirmou que o freio na epidemia não ocorreu de forma natural.

Segundo ele, a tendência deve ser atribuída ao trabalho que a China tem feito usando medidas clássicas, como isolamento de pacientes em massa e recrutando milhares de pessoas para rastrear contatos pessoais dos doentes e tentar localizar novos casos.

Ao mesmo tempo em que elogiou o esforço chinês, o médico ressaltou que não falava em nome da OMS, apesar de ter liderado um trabalho a pedido da organização.

Na revisão do cenário epidemiológico, os pesquisadores confirmaram alguns números que já vinham sendo divulgados por estudos, como a estimativa de que o vírus tem taxa de letalidade de 2% a 4%.

Subnotificação pode ter sido superestimada

A subnotificação (a quantidade de casos desconhecidos), diz Aylward, provavelmente não é tão alta quanto estudos apontaram inicialmente, estimando que 95% dos casos não estariam sendo detectados.

Segundo o médico, a China está planejando um levantamento com testes imunológicos, examinando pessoas com e sem sintomas, mas, mesmo com a infraestrutura atual, já é possível saber que a subnotificação inicial estava superestimada.

— Não há uma disseminação enorme além daquela que se vê clinicamente — disse o médico em entrevista coletiva na seda da OMS em Genebra.

Segundo ele, isso é uma boa notícia em parte, porque o espalhamento da doença parece não ser tão tempestuoso quanto se imaginava, mas indica que a taxa de letalidade não é menor do que se imagina.

Aylward afirma que mesmo com uma letalidade de 2% os países precisam ser cautelosos e não desprezarem o potencial de dano que ela pode causar em uma população.

— Esta é uma doença séria e há muita transmissão comunitária acontecendo — afirmou. — Este vírus mata principalmente pessoas vulneráveis e idosas. Precisamos pensar em como cuidar dos mais velhos na nossa sociedade, e não dizer 'ah, mas as pessoas saudáveis estão bem'.

Na opinião do médico, o sucesso da China em começara a desacelerar a epidemia se deve em parte à mobilização social que conta com comprometimento da população e mudanças administrativas mas também ao poder de fogo tecnológico do país, que foi empregado na construção de hospitais, trabalhos de investigação epidemiológica e outros.

Aylward afirmou que submeteu à OMS um relatório sobre a visita da missão internacional à China, que deve ser publicado em breve.

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