China reforça capacidade defensiva em região disputada

Andrei Karneev

A China tem mais uma base aérea no Pacífico. A mídia chinesa publicou uma imagem fotográfica da pista de decolagem construída na ilha Yongxing (ilhas Paracel). Agora, aviões da Força Aérea da China podem encontrar-se nessa base, reforçando a capacidade defensiva do país naquela zona.

Na opinião de analistas militares, a pista, provavelmente, não será a última obra na ilha, onde estão sendo construídos atracadouros para navios militares e outras estruturas. Ao que tudo indica, a China pretende transformar essa ilha no mar da China Oriental numa base conjunta para a Força Aérea e a Marinha.

Anteriormente, a mídia chinesa e estrangeira havia comunicado sobre a construção de uma base na região de três recifes Fiery Cross (nome chinês – Yongshu). Ultimamente, a China executava dinamicamente os serviços de aterro na região dos recifes que se encontram a 250 milhas da costa vietnamita e são contestados pelo Vietnã. A dimensão da ilha artificial irá superar em duas vezes, no mínimo, a superfície da base militar americana situada no atol Diego Garcia no Índico.

Em perspectiva, aqui será construído um aeródromo militar chinês de pleno valor. A concretização do projeto permitirá que a China desdobre uma zona de identificação da defesa antiaérea no mar da China Meridional. Pequim havia anunciado em novembro do ano passado a criação de uma zona análoga no espaço aéreo por cima do mar da China Oriental.

Deste modo, a China reclama cada vez mais intensamente seus “interesses estratégicos” na região disputada. A direção chinesa declarou oficialmente a política de transformação do país numa potência marítima. O reforço da presença militar no mar da China Meridional, onde passam vias de transporte importantes, corresponde a essa concepção.

Ao mesmo tempo, as ações da China provocam protestos por parte de potências regionais, em primeiro lugar do Vietnã. O agravamento da disputa entre Pequim e Hanói ameaça seriamente a segurança regional face ao potencial desenvolvimento da confrontação entre os dois países, disse à Voz da Rússia um perito russo, o professor Dmitri Evstafiev:

“Não vejo por enquanto sinais de que a situação em torno das ilhas Paracel possa evoluir numa confrontação puramente militar. Atualmente, a China não pode permitir-se participar de duas disputas territoriais ao mesmo tempo. São conflitos no mar da China Oriental e uma disputa com o Japão em torno da ilha Diaoyudao. É sobretudo importante o fato de que na disputa os Estados Unidos irão apoiar os países opostos à China”.

Na opinião de peritos, ambas as situações litigiosas irão desenvolver-se lentamente. Por enquanto são mais prováveis manifestações periódicas da presença econômica na região contestável, como, por exemplo, uma plataforma petrolífera instalada de maio a julho pela China ao lado das ilhas Paracel. É importante não admitir que as disputas não evoluam em confrontos militares.

Ao publicar fotos da pista de decolagem e pouso, a China, pelo visto, pretendia destacar a potencialidade desse cenário. Ao mesmo tempo, como notaram observadores, o comunicado sobre a construção da pista apareceu no site da Xinhua e de outros portais de notícias logo após o anúncio sobre o enfraquecimento do embargo americano à venda de armas a Vietnã.

A Rússia está longe das disputas no mar da China Meridional e por isso não apoia parte alguma. No entanto, como declarou o vice-ministro das Relações Exteriores da FR, Igor Morgulov, Moscou considera contraproducente a intervenção de terceiros países na solução das disputas territoriais naquela região importante.

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