Xavante faz sua despedida como aeronave de instrução em São José

O Xavante, aeronave de caça leve, faz este mês, seus últimos voos pela Aeronáutica. A aposentadoria acontece após 40 anos de uso, em um curso para a formação de pilotos e engenheiros de prova, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, cidade onde o modelo foi montado pela Embraer, na década de 1970.

O treinamento começa cedo. As 6h, os pilotos e engenheiros já estão a postos para receber as instruções de voo. "As condições de voo neste horário são melhores e também evitamos o tráfego do aeroporto", diz o capitão Diogo Castilho, instrutor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), que coordena as atividades, iniciadas em fevereiro e que prosseguem até dezembro.

A cada ano, 11 pessoas participam do curso (4 pilotos de prova, 4 engenheiros de prova e 3 instrumentadores) são selecionados por concurso. Há requisitos para participar desta seleção. Os pilotos, todos da FAB, devem ter pelo menos, mil horas de voo. A seleção de engenheiros é feita entre os que seguem a carreira militar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Após a formação, eles seguem trabalhando no DCTA. “Os profissionais formados aqui estão envolvidos em análises de aquisições e modernização de aeronaves ou até mesmo de desenvolvimento de novas tecnologias”, explica Castilho.

O curso é ministrado em dois períodos. Pela manhã acontecem as aulas nas aeronaves – são 16 aeronaves, entre elas o Xavante – e a tarde acontecem as aulas teóricas.

O Xavante é utilizado na atividade chamada de calibração anenométrica, que inclui voos rasantes e passagens com a aeronave em frente a uma estação de medição. O objetivo é testar sensores da aeronave em várias altitudes e comparar a informação que aparece no painel do piloto com as informações medidas por terra. "É um modelo que tem um sistema simples, fácil de estudar e analisar. Isso facilita também a nossa avaliação", diz o capitão.

40 anos de Xavante

O MB-326 é um projeto da italiana Aermacchi. Foi produzido sob licença pela Embraer entre 1971 e 1981, sendo batizado de AT-26, Xavante, pela Força Aérea Brasileira (FAB).

A aeronave fez parte de diversos esquadrões da FAB, sendo considerada uma aeronave com bom desempenho para o treinamento de pilotos.

Ao lado do Bandeirante, o Xavante faz parte das primeiras encomendas da Força Aérea para a Embraer, em São José dos Campos, e impulsionou o início da indústria nacional de aviação.

O Instituto de Pesquisas de Ensaios em Voo (IPEV), subordinado ao DCTA de São José dos Campos, é a única organização da FAB que ainda voa com a aeronave. São os últimos quatro Xavantes em operação.

Até o início de abril, o avião deve ser aposentado definitivamente pela Aeronáutica. O substituto dele, para o curso, será uma versão do caça F5 para treinamento de pilotos, com espaço para duas pessoas na cabine.

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