SISPRON – O Sistema de Prontidão do Exército Brasileiro

Com informações do Comando de Operações Terrestre (COTER),

e apoio do Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx),

especial para DefesaNet

 

O conceito de prontidão no Exército Brasileiro remonta às suas origens, sendo que sempre esteve presente no dia a dia da Força, seja por ocasião da preparação dos planos estratégicos e operacionais, seja pela manutenção de forças que permitissem apresentar, em tempo e local desejados, o poder de combate necessário para fazer face à ameaça que se apresentava.

Com o advento de novas tecnologias, entre as quais as referentes à simulação de combate com o uso intensivo de programas computacionais e dispositivos de realidade virtual, a Força Terrestre optou por sistematizar a preparação de suas forças de prontidão, criando, para tanto, o Sistema de Prontidão Operacional da Força Terrestre (SISPRON).

Tal sistema objetiva, em síntese, implantar uma metodologia única e já comprovada de preparação de grandes efetivos para, mediante rodízio, manter ininterruptamente tropas habilitadas ao cumprimento de todas as missões constitucionais, com destaque para a Defesa Externa e a salvaguarda de interesses brasileiros no exterior, além das já habituais missões subsidiárias.

O SISPRON é composto pelas denominadas Forças de Prontidão (FORPRON), que nada mais são que Comandos de Divisão de Exército e Brigadas selecionadas, às quais se somam os denominados Módulos Especializados, ou seja, tropas com características diferenciadas (Operações Especiais, Guerra Eletrônica, Defesa Cibernética, Operações Psicológicas, Lançadores Múltiplos de Foguetes, etc).

Assim, no ano em curso (2020), teve início a implantação de um projeto-piloto contando, inicialmente, com as 6 (seis) Brigadas consideradas como Forças de Emprego Estratégico do Exército:

  Brigada Infantaria Pára-quedista (Bda Inf Pqdt) FT Santos Dumont;

–  12ª Brigada Infantaria Leve Aeromovel (12ª Bda Inf L Amv) FT Ipiranga;

  15ª Brigada Infantaria Mecanizada (15ª Bda Inf Mec);

–  23ª Brigada Infantaria de Selva (23ª Bda Inf Sl);

  5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda C Bld), e,

  4ª Brigada Cavalaria Mecanizada (4ª Bda C Mec).

Todas estas Brigadas foram ou estão sendo submetidas à nova metodologia que prevê um ciclo que gira em torno de 12 (doze) meses, dividido em três fases: preparação, certificação e prontidão.

No período de 5 a 7 de outubro, a Força-Tarefa Ipiranga, Força de Prontidão da Brigada Aeromóvel (FORPRON Amv), realizou as atividades operacionais relativas à sua certificação no Sistema de Prontidão do Exército.

Fase 1 – Preparação – Os efetivos selecionados, todos profissionais, quer dizer, não há recrutas, são submetidos a uma sequência de instruções que objetivam capacitá-los para a fase seguinte. Como exemplo, podemos citar a realização de toda a série de tiro individual ou com armamentos coletivos, adestramento enquadrado em uma fração singular ou num sistema de armas (grupo de combate, carro de combate, obuseiro etc), reforço no treinamento físico militar e reciclagem de instruções básicas (primeiros socorros, orientação, camuflagem etc.) entre outras. Esta fase tem duração aproximada de 3 (três) meses.

Fase 2 – Certificação – Na fase seguinte advém o grande ganho para estas tropas. As mesmas são avaliadas por meio do uso da simulação, sendo que esta fase será dividida em três subfases: a simulação construtiva, a simulação virtual e o exercício de campanha. Na simulação construtiva, também chamada de Jogo de Guerra, os Centros de Adestramento (CA) do Exército, situados em Santa Maria-RS e Rio de Janeiro-RJ, submeterão o General Comandante, seus Estado-Maiores e os Comandantes de Unidades e Subunidades a um exaustivo processo de verificação da adequação de suas manobras planejadas para uma missão de combate específica. Para tanto, utiliza-se a ferramenta denominada “Programa Combater”, um software que simula problemas militares e faz o papel do inimigo.

A próxima subfase tem como alvo os Oficiais e Sargentos comandantes de pequenos escalões e simula o combate que teriam nos seus níveis por meio de outro programa computacional, o virtual battlespace 3 (VBS 3).

A última, e considerada como a mais significativa subfase, é o Exercício de Campanha, oportunidade em que toda a tropa (do General ao Soldado mais moderno) irão ao terreno aplicar os aprendizados auferidos nas fases e subfases anteriores. Nesta oportunidade, os CA, por intermédio de observadores e de uma força oponente simulada, e valendo-se de Dispositivos de Simulação de Engajamento Tático (DSET) aplicados a ambos os contendores, avaliarão a performance de todos os participantes, devendo concluir, ao final da mesma, se toda a tropa está apta a adentrar na última fase do ciclo de prontidão. A esta aptidão alcançada e confirmada damos o nome de Certificação.

Após devidamente certificada, a tropa entrará em um período de cerca de 8 (oito) meses em que deverá manter os padrões alcançados por meio de exercícios inopinados, permanecendo, assim, em condições de emprego com o melhor de suas capacidades.

Como se trata de um projeto-piloto, trabalha-se, no momento, com 1/3 dos efetivos acima descritos, o que para uma brigada equivale a um Batalhão e seus apoios, ou seja, cerca de 1.000 homens.

Para o ano de 2021, adentrarão no projeto, mais duas Brigadas:

 

10ª Brigada de Infantaria Motorizada (10ª Bda Inf Mtz);

  1ª Brigada de Infantaria de Selva (1ª Bda Inf Sl), além de,

  8 (oito) módulos especializados.

Em 2022, com a continuação das certificações, possuiremos cerca de 15.000 militares permanentemente em prontidão, todos os dias do ano, e comprovadamente testados.

No dia 16 de outubro, a Base de Apoio Logístico do Exército deu início ao adestramento avançado do Módulo Logístico Especializado da Força de Prontidão Operacional (MLE/FORPRON), realizando a formatura de apronto operacional nas instalações do Batalhão Central de Manutenção e Suprimento (BCMS) Ver Matéria relacionada

Paralelamente a esta prontidão de pessoal, já se encontra em curso, também, a denominada Prontidão Logística, a qual podemos traduzir, de maneira bastante simplista, como possuirmos, desde já, todos os recursos materiais necessários ao treinamento e ao emprego dessas forças certificadas em local que favoreça o seu adestramento e até mesmo uma futura concentração estratégica.

A Força de Prontidão Aeroterrestre (FORPRON Aet), oriunda da Brigada de Infantaria Pára-quedista (Bda Inf Pqdt), realizou o Apronto Operacional para o exercício de campanha, no escopo da certificação no Sistema de Prontidão Operacional da Força Terrestre

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