PROSUPER – Itália investiga políticos por contratos de defesa com Brasil

Roma, 24 out (EFE).- O ex-ministro italiano de Desenvolvimento durante o governo de Silvio Berlusconi, Claudio Scajola, está sendo investigado pelo suposto recebimento de comissões ilegais na mediação da venda de 11 embarcações ao governo brasileiro, informou nesta quarta-feira a imprensa italiana, que, por sua vez, voltou a citar o ex-ministro de Defesa Nelson Jobim.

Os jornais italianos publicam hoje documentos ligados à investigação que está sendo realizada pela promotoria de Nápoles, a qual esmiúça as comissões ilegais sobre a venda de equipamentos de tecnologia aeroespacial e de defesa da Finmeccanica, empresa que é controlada em 30% pelo Estado Italiano, ao Panamá e Brasil.

Neste contexto, o diretor-geral da Finmeccanica, Paolo Pozzesser, acabou tendo sua prisão decretada ontem, mesmo dia em que se soube que Scajola estava sendo investigado por seu envolvimento neste mesmo caso.

Em relação ao caso Scajola, a imprensa local apresentou mais detalhes sobre o andamento das investigações e também publicou alguns trechos do interrogatório de Lorenzo Borgoni, um antigo responsável pelas relações institucionais da Finmeccanica, que enfatizou essa transação entre Itália e Brasil

Segundo Borgogni, "o canal entre Itália e Brasil era o próprio ministro Scajola, já que este, apesar de não ser titular da pasta de Indústria, tinha uma boa relação com o então ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim".

"Se fechasse essa venda de 11 embarcações (cinco fragatas, cinco escoltas e um super navio de apoio), por um total de uns 5 bilhões euros, aproximadamente 11% deste valor seria destinado a Scajola, Massimo Nicolucci (porta-voz do ministro) e, inclusive, a Jobim", publicou hoje os jornais "Corriere della Sera" e "La Repubblica".

O ex-presidente da Finmeccanica Pierfrancesco Guarguaglini, que renunciou ao seu cargo em dezembro de 2011 após a publicação de alguns escândalos vinculados a sua gestão, "estava disposto a pagar uma percentagem máxima de 3% do valor da venda".

"Esta percentagem seria paga através de um contrato estipulado com uma agência no Brasil e pago a um empregado que fosse indicado pelo ministro Jobim", revelou os documentos desta investigação.

A imprensa italiana também acrescentou que a venda dos navios não foi concluída porque a negociação acabou sendo interrompida por caso do esfriamento das relações entre Itália e Brasil, uma crise que surgiu após a concessão de asilo ao terrorista italiano Cesare Battisti por parte das autoridades brasileiras.

"É verdade que falei com o presidente Lula e que encontrei três vezes o ministro da Defesa Jobim. Na Itália, havia crise e tentei vender as embarcações. Era meu dever ajudar o Fincantieri (os estaleiros da Finmeccania)", afirmou Scajola, que em todas as entrevistas negou ter recebido dinheiro por isso.

O jornal "La Stampa" também publicou que Jobim, que após sua experiência política voltou a se dedicar à advocacia, "começou a rir" após saber que seu nome estava sendo citado nas investigações da promotoria de Nápoles.

Posicionamento Finmeccanica
 
Em relação à medida preventiva emitida pelo Juiz das Investigações Preliminares do Tribunal de Nápoles ao senhor Paolo Pozzessere, o Grupo Finmeccanica esclarece que:

  • A Finmeccanica e suas empresas não pagaram forma alguma de compensação por mediação ligada aos contratos mencionados;
  • Em Setembro de 2011, o Sr. Pozzessere deixou seu cargo como Diretor Comercial do Grupo Finmeccanica e, até o momento, nunca havia recebido nenhuma notificação de investigação. Desde então, o Sr. Pozzessere assumiu um papel nas operações da Finmeccanica na Rússia, como parte das atividades industriais relacionadas a parcerias nos setores regionais de aviação e defesa daquele país.

São Paulo, 24 de outubro de 2012
 

Nota DefesaNet – Recomendamos a leitura do importante artigo DilmaX – Presidente Dilma Torpedeia Acordo Naval com a Itália, publicado em 19 janeiro 2011 Link

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