Pacifista quer retirada de bombas nucleares da Alemanha

A aposentada alemã Elke Koller, de 68 anos, anunciou que não desistirá tão cedo da sua luta contra a presença de bombas nucleares na Alemanha. Embora tenha perdido em primeira instância, já anunciou por meio de seu advogado que vai recorrer da decisão e escalar todas as instâncias jurídicas, até o Tribunal Constitucional Federal.

Ela reside perto da base aérea de Büchel, a 90 quilômetros de Bonn, sede do governo da antiga Alemanha Ocidental. Não há confirmação oficial, mas supõe-se que lá estejam armazenadas 20 bombas nucleares norte-americanas do tipo 61-B. Com 1,5 metro de comprimento e 50 centímetros de diâmetro, elas teriam 15 vezes o poder destrutivo da bomba lançada sobre Hiroshima em agosto de 1945.

Por ocasião da reunificação alemã, em 1990, foi acertado um amplo desarmamento das potências vencedoras da Segunda Guerra ainda presentes na Alemanha. Mesmo assim, teriam restado cerca de 20 bombas atômicas norte-americanas na base militar de Büchel, onde militares alemães são treinados – no contexto da colaboração da Alemanha com a Otan – para um eventual uso de armas nucleares.

Contradição

Por se sentir incomodada pelos voos rasantes dos aviões de caça sobre sua casa e pelo perigo que vê nas armas nucleares, a farmacêutica aposentada e filiada ao Partido Verde quer que o governo alemão as retire de lá.

Segundo ela, é uma contradição que o país exponha seus cidadãos a tal risco se Berlim se decidiu pelo desligamento de todas as usinas atômicas. Ela se apoia ainda num parecer emitido pela Corte Internacional de Haia em 1996, segundo o qual a intimidação através de armas nucleares, bem como o seu uso, contradizem o direito internacional.

O Tribunal Administrativo de Colônia rejeitou a queixa de Koller, alegando que cabe ao governo alemão decidir quais os meios mais adequados para garantir a paz. Além disso, argumenta que a estratégia da intimidação nuclear seria permitida pela lei internacional e que o governo alemão já teria demonstrado várias vezes seu engajamento pelo desarmamento nuclear.

Koller se diz desapontada com a decisão, mas acrescenta que, na realidade, não teria esperado que um tribunal de baixa instância tivesse coragem de criar problemas diplomáticos para Berlim.

A aposentada pretende seguir adiante com a queixa, e para isso conta com o apoio da Associação Internacional de Juristas contra Armas Nucleares.

Ameaçada pelos vizinhos

Desde o indeferimento do pedido, o telefone de Koller não para de tocar. "Até pessoas estranhas me ligam para me encorajar". Mas nem sempre foi assim. "No início, tentaram me agredir com uma tesoura de jardim", conta a ativista. Questionados sobre o problema, os moradores e o prefeito local se dizem conformados com a situação.

A base militar de Büchel gera cerca de 2.500 empregos, garantindo a economia de praticamente toda a região. Por isso, muitos vizinhos defendem a existência da base militar.

Autor: Wolfgang Dick (br)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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