OPERANTAR XLI garante a presença brasileira no continente Antártico e o aprimoramento técnico-científico do País

Primeiro-Tenente (RM2-T) Leonardo Ferreira Trindade

Neste domingo (9), o Navio de Apoio Oceanográfico (NApOcARongel) “Ary Rongel” e o Navio Polar (NPoAlteMaximiano) “Almirante Maximiano” desatracaram da Base Naval da Ilha das Cobras rumo ao continente Antártico, com previsão de permanência até abril de 2023.

A Operação Antártica (OPERANTAR) completa quatro décadas neste ano de 2022 e, além do intuito da preservação local e de toda a biodiversidade, tem como principal objetivo atingir a promoção de pesquisa científica diversificada e de alta qualidade na região antártica, garantindo assim ao Brasil a condição de Membro Consultivo do Tratado da Antártica.

A OPERANTAR XLI também dará prosseguimento ao retorno do pleno uso dos laboratórios da nova Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) e das investigações in loco, já iniciadas no último verão antártico, possibilitando a continuidade da produção científica e da presença do País no continente austral.

Tanto o navio “Almirante Maximiano” quanto o “Ary Rongel” transportam os tripulantes e os pesquisadores entre o Brasil e a EACF, bem como lançam e recolhem acampamentos de pesquisadores espalhados pela Antártica, por meio de bote ou helicóptero. Além disso, possuem sete laboratórios, no total, para processamento de pesquisa embarcada.  Segundo o Comandante do NPoAlteMaximiano, Capitão de Mar e Guerra Dieferson Ramos Pinheiro, “os navios apoiarão os projetos científicos de diversas áreas do conhecimento da OPERANTAR XLI.

Dentro desses projetos serão realizadas pesquisas nos mais diversos campos, tais como: meteorológico, atmosférico, oceanográfico, hidrográfico, morfológico, biológico e da paleontologia. Ressalta-se que, além dos conhecimentos acadêmicos, tais pesquisas poderão trazer benefícios para as áreas da medicina, com a formulação de medicamentos; da agricultura, no desenvolvimento de novos pesticidas e herbicidas; e da indústria, na fabricação de produtos como anticongelantes e protetores solares”. 

Já para o Comandante do NApOcARongel, Capitão de Mar e Guerra Fabiano de Medeiros Ichayo, “estudar a Antártica reveste-se de importância à medida que a humanidade concentra esforços na busca de soluções para os impactos das mudanças climáticas globais, visto que ela é indispensável à compreensão da evolução física e ambiental do planeta, assim como fator preponderante sobre o clima da Terra”. 

Programa Antártico Brasileiro

O Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) é estruturado em quatro vertentes básicas, sendo elas: a científica, sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; a ambiental, sob a responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente; a logística, a cargo do Ministério da Defesa, com a coordenação e realização da Marinha do Brasil (MB); e a de política externa, a cargo do Ministério das Relações Exteriores. 

Já como metas do programa pode-se destacar: o desenvolvimento de pesquisa diversificada, obtenção e produção de dados tecnológicos e científicos, apoio à formação, o aperfeiçoamento e a especialização de pesquisadores brasileiros, incentivo e provimento dos meios para dar ênfase à representatividade brasileira, desenvolvimento de soluções tecnológicas, promoção de um sistema central de informações científicas, desenvolvimento de programas de monitoramento ambiental nas áreas de atividade do Brasil na Antártica e apoio às atividades educacionais em todos os níveis, inclusive com intercâmbio acadêmico internacional.

Conforme afirma a Encarregada da Divisão de Relações internacionais do PROANTAR, Capitão de Mar e Guerra Haynnée Trad Souza, “as pesquisas oceanográficas e meteorológicas desenvolvidas na Antártica possibilitam a melhor compreensão dos fenômenos naturais que influenciam diretamente o clima no Brasil, permitindo o aprimoramento dos modelos numéricos empregados na previsão meteorológica na região costeira do Brasil, contribuindo para a segurança das operações de exploração e explotação de petróleo e gás na costa sul-americana”.

Este ano, 130 pesquisadores de diferentes instituições farão parte do grupo que realizará pesquisas para coleta de amostras e dados na Antártica, sendo um deles o biólogo e professor do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dr. Luiz Henrique Rosa, o qual tem um projeto sobre diversidade e biotecnologia de fungos no continente gelado.

“A realização das atividades científicas na Estação Antártica Comandante Ferraz é um privilégio, porque o trabalho da ciência Antártica é complexo, já que envolve características peculiares, pois além da ciência propriamente dita, nós temos o desafio da condição climática e do caráter geopolítico, logo, o planejamento ocorre durante um ano inteiro, mas, ainda assim, nós conseguimos somente trabalhar e desenvolver as nossas pesquisas se a Antártica deixar. Por isso, trabalhar na estação Comandante Ferraz não só representa uma atividade muito importante para a pesquisa brasileira como para o mundo inteiro”, ressalta.

O pesquisador ainda destaca o apoio prestado pela MB, no que tange as parcerias e a logística no continente gelado.  “A parceria entre as universidades e institutos de pesquisa com a MB para a execução do PROANTAR é fundamental. A Marinha tem uma grande expertise logística que nos propicia acessar regiões da península Antártica para coletar nossas amostras e os dados que são fundamentais para execução dos trabalhos científicos.

A coleta de dados representa uma grande produção científica para o Brasil, haja vista que se torna recursos humanos, formando dessa forma os mestres, doutores e pós-doutores. A MB tem um conhecimento muito vasto da Antártica, e os navios polares 'Almirante Maximiano' e 'Ary Rongel' são fundamentais para realização de tal feito, pois eles têm catalogados vários dados e históricos de regiões acessadas em outras viagens bem como de locais que ainda iremos acessar”, complementa o professor.

Antártica – O continente gelado

Continente mais inóspito do planeta, a Antártica tem mais de 90% de seu território coberto por gelo e cerca de 70% da água potável de todo o globo. Sua proximidade com a América do Sul torna a região antártica especialmente relevante para o Brasil, a ponto de ter sido considerada parte do entorno estratégico do país.

Ademais, a Antártica destaca-se por ser administrada por meio de um regime internacional baseado em um sistema de convenções e documentos, que definiu as atividades de pesquisa como sendo o propósito fundamental da ocupação da região.  Segundo o Comandante Dieferson “a importância do desenvolvimento das atividades de pesquisa se dá por permitir a consolidação do PROANTAR, credenciando o país a influir em todas as decisões tomadas no âmbito do Sistema do Tratado da Antártica, na condição de membro consultivo deste tratado.

Essas atividades de pesquisa asseguraram a presença de brasileiros, especialmente pesquisadores, na Antártica. Outro ponto importante é que todos os estudos referentes aos oceanos, tais como hidrografia e oceanografia, são de vital importância para que a MB possa aproveitar ao máximo as capacidades operativas dos nossos submarinos”. Os navios possuem previsão de chegar à Antártica no dia 07 de novembro.

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